Internacional: Mês da mulher – um olhar feminino para o cenário internacional

Por Poliana Nunes
Comunicação CFC

“Acreditem em si mesmas. Às vezes, as mulheres pensam que precisam escolher entre uma carreira de sucesso ou a vida familiar. As duas coisas não são incompatíveis”, disse a vice-coordenadora do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), Vânia Borgerth, reconduzida recentemente para seu terceiro mandato no International Ethics Standards Board for Accountants (Iesba).

Vânia Borgerth, casada há 36 anos e mãe de quatro filhos, é uma das mulheres com voz internacional na área contábil, entretanto, a participação feminina em posições de destaque nem sempre é expressiva. De acordo com dados analisados pela Universidade de São Paulo (USP) e publicados em 2023, “no ritmo atual, a igualdade de gênero será alcançada somente em 131 anos, horizonte que retrocedeu 35 anos, devido à pandemia de covid-19”.

Apesar desse dado desafiador, existem esforços para que cada vez mais mulheres ocupem cargos expressivos, inclusive internacionalmente, em posições de decisão mundial. Vânia Borgerth, além de atuar no Iasba, também é integrante da força-tarefa de Integridade e Compliance do B20 – The Global Business Forum for G20, que é o principal fórum de cooperação econômica mundial e reúne países industrializados e emergentes.

A vice-presidente Técnica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Ana Tércia Lopes Rodrigues também faz parte dessa força-tarefa do G20. “A força- tarefa que participo tem uma boa representatividade feminina e eu penso que é importante termos esse olhar das mulheres em um tema tão delicado como o compliance e a integridade, que vai resultar em economias mais fortalecidas, trabalhando com menores índices de corrupção, de lavagem de dinheiro, com construção de políticas empresariais e públicas mais íntegras, mais confiáveis, que elimine o conflito de interesses e trabalhe mais com o interesse coletivo na construção de uma sociedade realmente mais sustentável e inclusiva, que é o grande objetivo temático do B20”, comentou.

Ainda sobre a força-tarefa, Vânia Borgerth ponderou: “há, de fato, uma predominância masculina até o momento. No entanto, acho que tal fato se deve à própria proporção da presença masculina ser superior à feminina no nosso ambiente profissional. Essa realidade não se altera de um momento para o outro. O que vai provocar essa mudança é a existência de um compromisso firme de dar igual oportunidade de acesso às mulheres. Não como um "favor", mas pelo reconhecimento de que, com sua competência e talento, elas podem contribuir para a geração de valor nos negócios tanto quanto os homens”.

O olhar feminino para as diversas questões da humanidade é um diferencial e, ao contribuir para que a atuação seja, de fato, efetiva, os benefícios vão além. De acordo com a ONU Mulheres, “o mundo poderia ver um aumento de 20 por cento no PIB reduzindo as diferenças de gênero no emprego”. Para Vânia Borghetti, o pontapé inicial pode ser por meio de um trabalho voluntário, por exemplo. E assim se dá sua atuação no Iesba. “Trabalha-se bastante e é um serviço voluntário, mas a oportunidade de conviver com profissionais altamente capacitados e com um impressionante compromisso com o interesse público é uma oportunidade inigualável. Tenho muito orgulho de representar o Brasil neste Board. Como contadora, tenho plena consciência de que a observância dos princípios éticos representa um importante componente para a confiança alocada aos repórteres que produzimos/auditamos” disse.

E Ana Tércia conclui: “É importante destacar que a presença de mulheres, o olhar feminino, sua natureza intuitiva, sensível, tanto em temas técnicos como em temas de caráter social, agrega muito, e contribui de uma forma muito diferenciada para que se possa olhar para as políticas que estão sendo desenhadas de uma forma assertiva, de forma a priorizar pessoas e não só atributos técnicos” finaliza.

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