Emprego dos aspectos ESG nas pequenas e médias empresas é assunto de palestra do Conexão Contábil

Por Lorena Molter

Comunicação CFC

“A adoção da ESG nas empresas de pequeno e médio porte e o papel primordial do profissional da contabilidade” foi o tema da palestra de encerramento do Conexão Contábil Sudeste. O evento aconteceu nos dias 27 e 28 de julho no formato híbrido. A parte presencial aconteceu em Vitória (ES). Ao todo, o encontro reuniu mais de mil participantes.

O assunto foi apresentado pelo conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), José Luiz Ribeiro de Carvalho, pelo coordenador do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade de ESG do Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon), Sabastian Yoshizato Soares, e pelo membro do grupo de criação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), Zulmir Ivânio Breda. O presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRCRJ), Samir Nehme, foi o moderador do painel.

Carvalho iniciou a palestra dizendo que os aspectos ambientais, sociais e de governança (ASG) surgiram para refletir um conceito de sustentabilidade e simbolizam que é necessário pensar nesse tema e nas atitudes tomadas pelas organizações. “Hoje nós vivemos o mundo dos stakeholders. As empresas têm uma função muito maior do que pagar dividendos; têm uma função social, de sustentabilidade, seja ela do planeta ou da sua comunidade, mas nada disso funciona se não houver a ética e a governança. Então, todas essas “letrinhas” se interrelacionam”, explicou. O palestrante destacou que a sustentabilidade faz parte da realidade, do dia a dia, sendo um caminho sem volta.

Tendo como referência as empresas de pequeno e médio porte, Carvalho falou sobre a mentalidade que deve nortear esses negócios. “O foco é que isso esteja incutido já no conceito do serviço que ele vai prestar ou do produto que vai oferecer. Há uma série de atitudes que exigem uma mudança de comportamento”. E completou: “A peça principal nessa discussão é o ser humano”.

Dando continuidade ao painel, o ex-presidente do CFC, Zulmir Breda, esclareceu ao público por que a pauta da sustentabilidade ganhou tanto destaque pelo mundo. Segundo Breda, isso tem relação com o aumento exponencial das emissões de CO2 nas últimas décadas, o que colocou o mundo em alerta sobre os impactos climáticos. A partir desse cenário, começaram a surgir inúmeros acordos entre os países para o enfrentamento dessa situação. O contador ainda apresentou um panorama histórico envolvendo o assunto e a evolução do tema ao longo das décadas. Outro assunto apresentado por Breda foi a criação do CBPS, a sua importância e as atividades que serão realizadas pelo Comitê.  

O palestrante também falou sobre os benefícios da adoção de um plano de sustentabilidade pelas empresas. “Há redução de riscos. As empresas hoje que não têm um plano de sustentabilidade estão sujeitas a riscos muito sérios, inclusive a riscos ambientais”, pontuou. Breda ainda elencou, como benefícios do plano de sustentabilidade, a redução de custos, a preservação do meio ambiente, a evolução da comunidade, o reforço da marca, a atração de novos cliente e talentos e a possibilidade de recepção de financiamentos.

Sabastian Yoshizato Soares, entre outros pontos, iniciou a sua palestra falando sobre risco de reputação e de marca, dentro do contexto da ASG. Segundo o representante do Ibracon, atualmente, as empresas não podem mais ser guiadas pela mentalidade do lucro pelo lucro. É necessário construir uma agenda de gestão para que, de fato, o negócio contribua ou consiga solucionar um problema real da sociedade ou do planeta. “Na ótica das empresas, acho que há um componente de ESG que é muito importante, que é reputação e marca, que, muitas vezes, transcende até cláusulas contratuais”, citou. O palestrante completou informando que ESG é uma questão de reputação e de marca, “principalmente do ponto de vista de transparência e de prestação de contas”, alertou.

Soares ressaltou também alguns cuidados que as empresas devem tomar quando o assunto é ASG. “ESG, para mim, tem que ser um engajamento genuíno e tem que ter um propósito para você endereçar porque, se não, é criado um greenwashing e também o que o mercado tem falado agora de socialwashing e de carbonwashing”.

Quanto ao que já vem sendo feito sobre o assunto, em relação à prestação de contas de sustentabilidade, Soares apresentou algumas iniciativas no Brasil e no exterior, como ações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central do Brasil (BCB). O palestrante ainda mencionou a criação do International Sustainability Standards Board (ISSB) da Fundação IFRS – International Financial Reporting Standards (IFRS) e também do CBPS aqui no Brasil.

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