Por Rafaella Feliciano
Comunicação CFC
“Nunca vivemos uma época tão oportuna para sairmos da inércia e avançarmos como agora”. Foi com este recado que a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) em Portugal, Paula Franco, começou a sua participação no XIV Congresso Internacional de Contabilidade do Mundo Latino, o Prolatino, nesta quarta-feira (10), no Rio de Janeiro. A manhã contou com o painel “Os impactos da tecnologia no mercado de trabalho do profissional da contabilidade nos países de língua latina - desafios e oportunidades”.
Segundo ela, é preciso olhar para os avanços tecnológicos de forma diferente e entender que a inteligência artificial, por exemplo, a medida que automatiza diversos serviços, ela também otimiza o tempo do profissional que passa a ter mais liberdade para o aprimoramento e capacitação do seu papel, tornando-se, cada vez mais, um ator insubstituível nas empresas e no setor público para o desenvolvimento econômico sustentável dos países. “Se a tecnologia for bem usada, trazida para o nosso mundo de forma correta, seremos profissionais melhores para fazermos aquilo que é verdadeiramente importante: tornamos as empresas mais sustentáveis, sendo exímios consultores, com mais tempo, com qualidade de informação. Temos que sair da nossa zona de conforto. Precisamos aceitar que as novas tecnologias vão nos trazer oportunidades e não o contrário. Só precisamos saber agarrar de forma positiva essas novidades”, afirmou.
No entanto, Paula alertou para a necessidade de capacitação dos profissionais da contabilidade para o novo cenário digital. Sobre o papel das organizações contábeis, a presidente da OCC acredita que as entidades podem ajudar disponibilizando a educação profissional continuada.
Nesse sentido, Luis Henry Moya Moreno, o diretor do Grupo Latino-Americano de Emissores de Normas de Informação Financeira (Glenif) na Colômbia, afirmou que o principal desafio do profissional da contabilidade é preparar-se para entender o mercado tecnológico e, principalmente, as ferramentas da tecnologia financeira. Blockchain, fintech e startups são alguns dos desafios que a Contabilidade já entende como realidade. De acordo com Moreno, outra questão importante é a regulação, já que as tendências digitais tornaram o controle e a fiscalização temas mais complexos.
O diretor do Glenif disse que será “inevitável a exigência de experiência em tecnologia da informação para assumir papéis mais estratégicos nas empresas e na administração pública”. Segundo ele, os contadores necessitam de “mudanças profundas” em sua formação e especialização para ampliar técnicas e vislumbrar novos caminhos. “A preocupação com o nosso futuro está em voga, no entanto, é preciso enfrentar o medo. A Contabilidade deve ser a vanguarda das mudanças tecnológicas. A diversidade digital está tomando o mundo e nós não podemos esperar que isso seja o problema e, sim, a solução”, concluiu.
Phillippe Arraou, vice-presidente do Comitê de Integração Latino Europa - América (Cilea) também enviou uma mensagem aos participantes do painel: “Muita coisa pode ser substituída pela tecnologia, mas existem duas grandes competências dos profissionais da contabilidade que são insubstituíveis: a ética e a confiança. E segurança é algo muito falho no mundo digital. Não somos uma máquina. Pensamos e isso é o nosso grande diferencial. Enfrentamos momentos de tensão, porém, esta é uma ótima oportunidade para reconhecermos os futuros desafios e, principalmente, mostrar a nossa força e importância como atores estratégicos para o desenvolvimento das instituições”, ressaltou.
A presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), Marcia Ruiz Alcazar, foi a moderadora do painel. Ela também é representante do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) na Comissão de Tecnologia da Associação Interamericana de Contabilidade (AIC).
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