Por Lorena Molter
Comunicação CFC
A vice-presidente Técnica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Ana Tércia Rodrigues, participou de um webinar do Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon) em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Com o tema “Principais avanços da participação feminina na contabilidade e auditoria independente e os desafios a serem superados”, o encontro virtual aconteceu no dia 8 de março. O evento ainda contou com a participação e os depoimentos da diretora de Comunicação do Ibracon, Carla Bellangero; da embaixadora do Ibracon Jovem, Maria Julia Esteves; e da conselheira do CFC e membro do Conselho de Administração do Ibracon, Monica Foerster.
Durante a abertura do evento, Bellangero ressaltou que vivemos em um novo momento histórico relacionado às questões femininas. “Quando eu comecei na carreira, há três décadas – tenho 32 anos de experiência na área de auditoria –, nós nunca iríamos imaginar que um dia estaríamos discutindo esta questão da igualdade de gênero e a necessidade de termos esse espaço respeitoso, em que o talento é reconhecido e empoderado independentemente daquilo que você é. Então, nós estamos exatamente nesse momento de nossa sociedade, do mundo: as pessoas podem ser o que elas quiserem desde que todos respeitem essa pessoa e ela tenha o seu espaço respeitado. Ela é valorizada pelas entregas que ela faz”, afirmou.
Na ocasião, Ana Tércia pontuou que as discussões dessa natureza precisam contar com a presença dos homens, participando com as mulheres e fazendo parte dessas reflexões, principalmente aqueles que estão nas lideranças para que possam, a partir dos relatos femininos, entender melhor a questão. Para a vice-presidente do CFC, se as mulheres debaterem apenas entre elas, correm o risco de ficarem em uma bolha, o que pode ser um risco porque, assim, a conversa não é expandida.
Maria Julia Esteves falou sobre o cenário da auditoria do Brasil. Segundo a embaixadora do Ibracon Jovem, a profissão do auditor vem se transformando nos últimos dez anos. “A profissão de auditoria vem se comprometendo dia a dia para avançar na diversidade e eu já tive pessoas com deficiência no meu time, por exemplo, pessoas negras, mulheres. Precisamos nos atentar não só para as questões conscientes de exclusão, mas principalmente para as questões inconscientes, nossos vieses. Eles que ditam como nós vamos agir na sociedade”, falou.
Monica Foerster apontou a cultura existente nas empresas como um dos fatores que ainda impacta as mulheres no mercado de trabalho. “Existe ainda uma cultura que tem um viés e essa cultura tende a proteger os iguais. E qual é a referência que vemos no mercado dos iguais? Vemos que os iguais são aqueles que vão ter os mesmos hábitos que eu, os mesmos gostos, opiniões parecidas com as minhas, por quê? Porque eu quero evitar, como conselho [administrativo], como empresa, como entidade, divergências, discussões e evitar ‘botar o dedo na ferida’. Eu quero seguir o que eu já faço hoje. Então, isso acaba reduzindo significativamente o espaço de mulheres. Houve melhora sim, mas há um longo caminho ainda pela frente”, explicou.
Sobre a questão das mulheres relacionada à pauta racial, Ana Tércia destacou que ainda há muitos problemas a serem superados. “Quando vamos para o recorte racial, a situação é bem delicada, aquém do que se poderia ter e eu diria que não é falta de mulheres negras [no mercado]. É falta, primeiro, de oportunidade; segundo, de as pessoas se sentirem desafiadas e empoderadas, porque empoderamento é isto: é você sentir a força do chamado e se apresentar para ocupar esses espaços porque, às vezes, hoje, há situações em que tem uma vaga e, se a pessoa não está empoderada no seu íntimo, ela não se vê ocupando aquele papel. Isso é uma consequência das barreiras estruturais que foram estabelecidas ao longo do tempo”, esclareceu.
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