Transparência e sustentabilidade dominam debates na 15ª Conferência do Ibracon

Por Comunicação Ibracon

Em um momento decisivo para os rumos da contabilidade e auditoria no Brasil, a 15ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, realizada nesta segunda-feira (17) pelo Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil reuniu mais de 1.500 profissionais, reguladores e especialistas em São Paulo para debater o futuro da profissão. Sustentabilidade, ética, inovação e confiabilidade da informação foram os principais temas da programação.

Logo na abertura, o presidente do Ibracon, Sebastian Soares, destacou a importância do evento em um momento crítico para o setor. “Nunca o papel do auditor foi tão relevante. Estamos lidando com novas legislações, inteligência artificial, agenda ESG e uma pressão crescente por mais transparência. Tudo isso exige não só excelência técnica, mas também integridade e responsabilidade”, afirmou.

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento,  destacou o papel do auditor como “a presença do regulador dentro das empresas” e antecipou o foco da autarquia, em 2025, na independência profissional e no fortalecimento dos controles internos. “Ceticismo profissional, autonomia e reforço da governança são pilares do nosso plano. O auditor é peça-chave para a confiança no mercado de capitais”, disse.

Representando o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o vice-presidente de governança e gestão estratégica, Joaquim Bezerra, defendeu o protagonismo da profissão contábil e o papel do Brasil na agenda global. “Nosso compromisso é com a uniformidade e com a segurança: garantir que as informações prestadas ao mercado sejam confiáveis e que sirvam como base sólida para decisões estratégicas”, enfatizou.

Já Uverlan Primo, chefe adjunto do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, apresentou as diretrizes da agenda regulatória para 2025, com destaque para políticas de governança da informação e exigências de qualidade nas divulgações de sustentabilidade.

Economia e arcabouço fiscal também entraram em pauta. Em painel com o economista Carlos Kawall, discutiu-se o papel da contabilidade como elo entre responsabilidade econômica, regulação e credibilidade institucional. Foram abordados os limites do arcabouço fiscal e a necessidade de alinhar responsabilidade econômica com transparência informacional.

ESG: foco estratégico do presente e do futuro

 A pauta ESG foi destaque ao longo de vários painéis do evento. De manhã, a vice-presidente técnica do CFC, Ana Tércia Rodrigues, defendeu maior protagonismo das entidades contábeis. “Não há ESG sem confiabilidade, e não há confiabilidade sem contabilidade qualificada”, reforçou.

Gabriela Figueiredo Dias, presidente do International Ethics Standards Board for Accountants (IESBA), apresentou o novo padrão IESSA, voltado à ética e independência na asseguração das informações de sustentabilidade. “Estamos vivendo um ponto de inflexão. Ética não é opcional: é o pilar da confiança. O IESSA fornece as bases para asseguração robusta, aplicável a qualquer jurisdição ou modelo regulatório”, pontuou.

A discussão sobre normas internacionais seguiu à tarde, com destaque para Eduardo Flores (CBPS), Neil Stewart (ISSB/Fundação IFRS) e Tadeu Cendon (IASB), que reforçaram a liderança do Brasil na implementação das normas e a importância da integração entre relatórios financeiros e de sustentabilidade.

“O Brasil tem um histórico positivo em sustentabilidade, principalmente no setor elétrico, e pode liderar esse movimento global”, afirmou Flores. Stewart endossou o pioneirismo do Brasil na área. “O Brasil está no topo da lista no que diz respeito à implementação de normas ESG”

Já Tadeu Cendon, reforçou que o maior desafio atual não é normativo, mas cultural. “Normas estão sendo atualizadas. Agora precisamos garantir que sejam compreendidas e aplicadas com coerência por todo o ecossistema”, alertou.

Para Rogério Mota, diretor Técnico do Ibracon, é preciso capacitar os profissionais da auditoria para que compreendam e apliquem, com segurança, tanto as normas de sustentabilidade quanto os critérios de asseguração. “Esse é o grande desafio que temos pela frente”, afirmou.

Encerrando a programação do primeiro dia, o painel “Líderes: Perspectivas Futuras da Auditoria” reuniu nomes de destaque do setor para refletir sobre os rumos da profissão. Participaram Carlos Pires (KPMG), Fábio Cajazeira (PwC) e Angela Alonso (Alonso Barretto & Cia Auditores Independentes), que abordaram os impactos do ESG, da transformação digital e das novas responsabilidades do auditor na geração de valor e confiança.

Trabalho reconhecido – A programação também foi marcada por momentos de reconhecimento. A vereadora Edir Salles prestou homenagem ao Ibracon pela realização da conferência, destacando sua trajetória desde 1971 na defesa da profissão e na promoção de padrões de excelência. A honraria, aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, destacou a importância do evento como o maior e mais relevante do setor no país, reunindo mais de 1.500 profissionais.

Também foi homenageado o ex-presidente do Ibracon, Gilson Miguel de Bessa Menezes, que esteve à frente da entidade entre 1980 e 1982. Ao receber a homenagem, Gilson emocionou o público ao destacar a seriedade da auditoria e sua importância para a continuidade das empresas. “É uma profissão muito difícil, mas a dificuldade enobrece o homem, então não abandonem nunca essa dificuldade”, aconselhou.

A reprodução deste material é permitida desde que a fonte seja citada.