Papel do contador público é tema de painel na CIC 2025

Por Poliana Nunes
Comunicação CFC

A atuação do contador público e a importância de programas educacionais para a melhoria do exercício profissional no Estado foi o tema central do oitavo painel da XXXVI Conferência Interamericana de Contabilidade (CIC 2025). Intitulado “Contador público en el estado: aplicando IES e Ipsas”, o painel foi realizado na tarde de quarta-feira (22), em Assunção, Paraguai.

Participaram da atividade o conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e presidente da Comissão Técnica Interamericana (CTI) da CIC na área de Setor Público, Wellington do Carmo Cruz, bem como o presidente da CTI de Educação, Mario Ernesto Diaz. A moderação do painel ficou sob a responsabilidade do vice-presidente da CTI de Educação, Marco Aurelio Gomes.

Antes de debater sobre o papel do contador público no Estado, Wellington Cruz traçou como deve ser o perfil desse profissional. “O contador público é o profissional devidamente registrado em seu conselho ou órgão. Suas competências e habilidades devem estar alinhadas com os padrões internacionais da Ifac, com base nas Ipsas, no Código de Ética do Iesba e nas normas de sustentabilidade do ISSB, bem como nos conteúdos tecnológicos, dentro de um processo contínuo de aprendizagem e atualização de conteúdos”, disse. Essa definição também está alinhada com a visão do presidente da Ifac, Jean Bouquot, que estava na plateia, junto com o vice-diretor da Ifac, Manuel Arias.

O conselheiro do CFC também citou o ex-presidente da Ifac, Alan Jonhson, e destacou a fala do contador em uma entrevista à Revista Brasileira de Contabilidade (RBC), em 2020. Na ocasião, Jonhson descreveu o profissional da contabilidade e, em seguida, disse que é preciso ter uma proposta de formação nas Instituições de Ensino Superior (IES) para formação do contador público. Dentro dessa proposta, haveria mais disciplinas focadas em Contabilidade, com base nas Ipsas, sustentabilidade, auditoria pública, ética, tecnologia aliada à inteligência artificial, gestão pública, dentre outras.

Durante a palestra, Wellington Cruz lembrou da necessidade de adaptar para o setor público as normas que tratam dos requisitos gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade (IFRS S1) e Divulgação Relacionada ao Clima (IFRS S2). No International Public Sector Accounting Standards Board (Ipsasb), desenvolvedor de normas contábeis destinadas ao governo e a outras entidades do setor público, a adaptação da IFRS S2 entra como prioridade número um. “Esse projeto foi lançado em junho de 2023 e aproveita a IFRS S2 com alguns conceitos da IFRS S1”, explicou.

A formação de Comitê de Pronunciamento (CP) para matérias vinculadas à contabilidade pública também reforça a atuação do profissional da área, pois alinha as normas com os padrões da Ifac. De acordo com Wellington Cruz, o CP no setor governamental contribui para adoção das Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, bem como promove a transparência, a divulgação de informações confiáveis e comparáveis, a prestação de contas e garante a integridade e a sustentabilidade.

Mario Ernesto Diaz, por sua vez, traçou a relação entre Instituições de Ensino Superior e a Ifac. “A integração entre IES e Ipsas fortalece o perfil do contador público no Estado”, disse. Entretanto, ainda há necessidade de avanços nessa integração. Entre as oportunidades de melhora, Diaz destacou a implementação de programas de certificação e educação continuada conjunta entre universidades e governo, a promoção de práticas profissionais em organismos públicos, a impulsão de pesquisas e estudos de caso em contabilidade governamental, entre outros.

Ao final, os palestrantes demonstraram que, apesar do crescente desenvolvimento da contabilidade pública, para melhorar a integração entre as IES e as Ipsas é preciso fortalecer o perfil do contador público no Estado, adotando um plano de estudos mais atualizado, baseado nos padrões internacionais de educação da Ifac, além de buscar cada vez mais no mercado profissionais capacitados para apoiar a qualidade das informações financeiras públicas, bem como preencher a lacuna para que as IES possam oferecer cursos de graduação, pós-graduação e extensão com conteúdo mais atualizado e, de acordo com os padrões internacionais de contabilidade, ética, sustentabilidade e tecnologia.

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