Por Gabriella Avila
Comunicação CFC
Aprovadas em 17 de outubro de 2024, as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) TDS 01 e TDS 02, voltadas para a divulgação de informações sobre sustentabilidade, estão em alta no universo contábil. Para compartilhar informações e insights importantes para os profissionais da área, a Escola de Governança e Gestão do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) realizou, nesta terça-feira (13), um workshop sobre o tema, e convidou duas especialistas que participaram ativamente do processo de elaboração dessas normas: a vice-presidente Técnica do CFC, Ana Tércia Lopes Rodrigues, e a vice coordenadora de Relações Internacionais do Comitê Brasileiro de Pronunciamento de Sustentabilidade (CBPS), Vânia Borgerth.
A atividade aconteceu em modo híbrido, com o encontro presencial na sede do CFC e uma transmissão online. Na abertura, o presidente em exercício do CFC e presidente da Escola de Governança e Gestão, Joaquim Alencar Bezerra Filho, valorizou o papel do profissional contábil no processo de implementação das normas. “A discussão sobre a sustentabilidade é mundial, e o contador é protagonista do processo. Nós reconhecemos um campo de trabalho imenso nesse tema. Quando se fala em tecnologia e em sustentabilidade, também se está falando de um discurso para a nova ordem social, e nós assumimos a responsabilidade para também promover isso. Temos uma oportunidade muito grande de promover a responsabilidade socioambiental”, afirmou.
O conselheiro e coordenador da Comissão de Contabilidade Eleitoral do CFC, Haroldo Santos Filho, que atuou como moderador do encontro, reforçou a atualidade e importância do tema. “Nos grandes fóruns só se discute sustentabilidade. Já temos provas de que é possível, sim, termos regramentos de sorte que as empresas possam permear lucratividade e crescimento, fazendo isso lado a lado com o controle de questões que afetem o meio ambiente. Então a responsabilidade tem que ser cada vez maior, até porque essas empresas, em algum momento, vão perceber que os investidores e os consumidores conscientes que vão ser responsáveis pela nota máxima que elas precisarão ter no mercado”, argumentou.
Contadores como protagonistas
Com a proposta de promover uma aula conjunta, Ana Tércia e Vânia compartilharam experiências e perspectivas para que os profissionais da contabilidade atuem como protagonistas na análise e elaboração das divulgações sobre riscos e oportunidades relacionadas a sustentabilidade.
Em sua exposição, Ana Tércia elaborou sobre o desafio da contabilidade com o tema, apontando oportunidades, desafios, risco, e ameaças para os profissionais da área. A VP resgatou o caminho que as normas percorreram até a aprovação, valorizou o trabalho da equipe da área técnica, e explicou diversas questões técnicas que levam às normas, como as legislações, reguladores e instituições envolvidas no processo, como o CFC, o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários, entre outros.
A palestrante convidou Felipe Bastos, da equipe técnica do CFC, para fazer esclarecimentos sobre as dúvidas mais presentes em relação ao trabalho do contador com a produção dos relatórios sustentáveis. Ao retomar a apresentação, Ana Tércia apresentou cases como o reporte de sustentabilidade da Renner, uma das primeiras empresas a interagir com essa pauta, e a problemática da JBS, acusada de greenwashing nos Estados Unidos. E analisou trechos da NBC TDS 01, que trata de requisitos gerais para divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade.
Ao encerrar a intervenção, a vice-presidente deixou uma mensagem aos participantes sobre a importância do trabalho de todos para a implementação das normas: “a Contabilidade está cada vez mais assumindo sua essência de Ciência Social Aplicada. Precisamos conscientizar os contadores da sua missão como agentes de transformação social, econômica e comportamental em um ambiente de negócios mais inclusivo, ético e sustentável”, concluiu.
Resgate da história
Vânia Borgerth se dedicou a apresentar elementos que explica por que a profissão contábil está envolvida nesse tema e porque o CFC tomou a iniciativa de regulamentar a sustentabilidade por meio das normas. Ela aportou mais dados sobre o tema apresentados por Ana Tércia, aprofundando no conceito de sustentabilidade no espectro corporativo.
A especialista propôs ainda um resgate da história da evolução dos reportes corporativos antes da regulamentação proposta pelas novas normas, analisou pontos indicados como riscos de sustentabilidade, e fez mais análises sobre como a contabilidade se relaciona com os informes de sustentabilidade. “O que a nossa profissão vai fazer é contribuir para que as empresas possam fazer diagnósticos precisos, porque nós não temos a chance de cometer erros. Não temos dinheiro suficiente para investir em tudo o que precisa ser feito, então nenhum centavo pode ser desperdiçado na oportunidade errada. E não temos tempo para refazer, só temos esse planeta”, observou.
O workshop de Normas Brasileiras de Contabilidade para Sustentabilidade foi uma atividade integrada ao Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC) da Vice-Presidência de Desenvolvimento Profissional do CFC.
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