Por Ingrid Castilho
Comunicação do CFC
O último painel da 11ª edição da Conferência Regional de Transparência e Responsabilidade pelo Crescimento Econômico Regional (CReCER), nesta quinta-feira (11), discutiu o futuro dos relatórios de ESG (Environmental, Social and Governance) e foi moderado pelo especialista em Instrumentos Financeiros, Reinaldo Oliari.
O diretor de Política de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios da International Federation of Accountants (Ifac), David Madon, defendeu que o futuro dos relatórios está baseado em quatro desafios. São eles as informações e a qualidade delas para os acionistas, a adoção das normas do International Sustainability Standards Board (ISSB, na sigla em inglês) como linha de base nas empresas, a conexão dos relatórios e a capacidade dos profissionais.
“As informações sustentáveis serão parte da tomada de decisões, de cima para baixo, das empresas. Atualmemte, os relatórios [de ESG] que temos são voluntários, mas precisamos que sejam mandatórios para que possamos informar os investidores. Fazer isso da melhor maneira é o futuro da nossa profissão”, disse Madon.
A contadora Vania Borgerth, membro do Conselho da International Foundation for Valuing Impacts (IFVI), destacou a importância da padronização para os relatórios de ESG. Ela entende que a missão dos contadores é dar informações com transparência para que as escolhas dos acionistas sejam robustas e confiáveis, além de serem fundamentadas na ética.
“Precisamos sair do modelo “relate e explique” e ir para um modelo em que nós temos os relatórios de contabilidade estabelecidos de uma forma padronizada, em que todos seguirão os mesmos critérios e a mesma verdade para reportar as informações de forma que eu possa comparar empresas em um mesmo setor e uma mesma realidade e fazer juízo de valor para definir a melhor estratégia para a minha empresa”, explicou Vania.
Cenários possíveis
O coordenador de operações do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS) e ex-presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Zulmir Breda, com bases em pesquisas – como “The Green Future Index” do MIT Technology Review Insights e “Sustentabilidade e Crescimento Verde” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – apresentou alguns possíveis cenários para os relatórios de ESG no futuro.
- Serão cada vez mais analíticos, pelo nível de detalhamento exigido.
- Adotarão padrões internacionais por exigência de reguladores.
- A descarbonização ganhará cada vez mais evidência nos relatórios, exigindo métricas efetivas de mensuração.
- A auditoria externa sobre as informações divulgadas será mandatória.
- Terão coerência com os informes financeiros e isso será um pré-requisito de confiabilidade.
- Serão divulgados em conjunto com os demonstrativos contábeis por recomendação.
Breda finalizou destacando que os relatórios serão formados por equipe multidisciplinares. Segundo ele as grandes empresas já possuem departamentos próprios cuidando desse tema da sustentabilidade. “A estrutura que vai trabalhar toda uma política de sustentabilidade dentro da organização evidentemente será formada por várias pessoas, além do próprio contador. Nós vamos ter especialistas de diversas áreas, pois ela é uma questão transversal, pois ela envolve questões socias, governamentais e ambientais”, finalizou.
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