Por Poliana Nunes, com informações da Ifac
Comunicação CFC
O primeiro dia de atividades do International Federation of Accountants (Ifac) Global Connect, realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Cidade do México, contou com a participação do brasileiro Francisco Sant’Anna, membro do board da Ifac e presidente do Conselho de Administração do Instituto de Auditoria Independente (Ibracon). Sant’Anna conduziu o painel Engaging the Ifac CEO, que teve como objetivo promover um diálogo sobre os principais desafios e oportunidades para a profissão contábil a partir da visão do diretor executivo da Ifac, Lee White.
Francisco Sant’Anna iniciou o painel com três desafios centrais para a profissão: a sustentabilidade como eixo estratégico, a necessidade urgente de atrair novos talentos e o impacto crescente da Inteligência Artificial (IA). “Esses temas definem não apenas o que fazemos hoje, mas onde estaremos nos próximos anos”, afirmou. Em seguida, direcionou a primeira pergunta a Lee White: como tem sido sua interação com a América Latina?
Lee White reconheceu que a construção de uma presença regional consistente exige adaptação e atenção às especificidades locais, sobretudo ao idioma. “Participei de eventos na Colômbia e expandimos significativamente nossa interação com a Associação Interamericana de Contabilidade (AIC). Temos avançado, mas ainda precisamos aprimorar a integração para atender de forma mais relevante às necessidades regionais”, comentou. Ele explicou que a transformação do modelo operacional da Ifac está estruturada em três pilares: pessoas, conexão e equilíbrio e cultura organizacional, com 2025 marcado por mudanças estruturais e 2026 dedicado ao fortalecimento cultural da entidade.
De acordo com o diretor executivo, a América Latina compreende claramente o valor proposto pela Ifac, mas ainda é preciso calibrar a execução das ações globais para gerar impactos mensuráveis. White destacou, ainda, que a estruturação de mecanismos formais de feedback tem sido central no planejamento estratégico. Entre as medidas, estão a definição de Indicador-chave de Desempenho (KPI, na sigla em inglês), a criação de métricas claras de relacionamento com os membros e a realização de eventos regionais como parte da série Ifac Connect.
Reflexão após 18 meses como CEO: desafios e aprendizados
Ao refletir sobre seus 18 meses no cargo de diretor executivo, Lee White mencionou aprendizados importantes, especialmente a partir da atuação no grupo de trabalho sobre proposta de valor. Ele conta com três mentores em continentes distintos, que o ajudam a ampliar sua visão e compreender nuances culturais entre os diferentes conselhos internacionais. “Essa experiência me permitiu compreender tanto as semelhanças quanto às diferenças culturais e organizacionais. Construir pontes é fundamental, mas devemos garantir que também haja o distanciamento necessário para decisões estratégicas”, observou.
Futuro da profissão: tecnologia, resiliência e inclusão
Sobre o futuro, Lee White chamou atenção para a lentidão com que parte da classe contábil tem integrado a tecnologia em suas práticas. Para ele, a ausência de uma narrativa unificada atrasa o progresso. “Embora discutamos com frequência o impacto positivo da tecnologia, não podemos permitir que a falta de uma voz unificada nos impeça de avançar”, alertou. Ele reforçou que a resiliência da profissão dependerá tanto da adoção inteligente da tecnologia, incluindo a IA, quanto do fortalecimento da união, da inclusão e da diversidade no ambiente profissional. “A diversidade de talentos que temos é inacreditável, e precisamos garantir que isso continue sendo um alicerce fundamental para a nossa profissão”, concluiu.
Francisco Sant’Anna encerrou o painel agradecendo a participação de Lee White e destacou a relevância do diálogo franco sobre os desafios compartilhados pela Ifac e seus membros. A conversa reforçou a necessidade de integração regional, o papel estratégico da inovação tecnológica e o compromisso com uma profissão contábil que continue a ser relevante, adaptável e unificada em escala global.
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