Fórum da RBC debate ética e tecnologia em pesquisa em eventos conjuntos da USP

Daniel Guerra
Comunicação CFC

Foi realizado, na última quarta-feira (23), o Fórum RBC Itinerante, iniciativa da Revista Brasileira de Contabilidade (RBC) que teve como tema “Ética e o uso de tecnologias na pesquisa”. A atividade integrou a programação dos eventos conjuntos que acontecem esta semana na Universidade de São Paulo (USP) – a 25ª Conferência Internacional de Contabilidade e o 22º Congresso de Iniciação Científica em Contabilidade.

Os debates foram capitaneados pelos professores Alison Martins Meurer, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Vanderlei dos Santos, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC), ambos membros do Conselho Editorial da RBC. Eles iniciaram a exposição deixando no ar uma pergunta ao público presente: vocês já utilizaram a inteligência artificial (IA) para auxiliar em atividades acadêmicas? O resultado de 86% dos presentes foi positivo.

O professor Vanderlei destacou que a tecnologia sempre permeou a pesquisa. “Acontece que a ruptura que se apresenta agora é maior: a tecnologia pode escrever, analisar pareceres e ainda não se sabe o quão certeiro ou duvidoso é esse uso. Isso nos traz uma preocupação enquanto orientadores de trabalhos acadêmicos e até na nossa própria produção”, observou.

Foi destacado que o ChatGPT – IA mais difundida no Brasil – atingiu a marca de 1 milhão de usuários em apenas 5 dias após seu lançamento. Para se ter uma ideia, foi mostrado que o Instagram conseguiu a mesma marca em aproximadamente 75 dias.

O professor Alison, por sua vez, lembrou que a IA é alimentada e moldada por parâmetros sugeridos pelo homem. “Tudo o que eu insiro se torna uma fonte de dados”, apontou ele, lembrando que a responsabilidade e a ética devem pautar o uso não somente extraindo informações, mas também inserindo. “Há teses e trabalhos sem qualquer erro de português, com linguagem irretocável, mas com uma fundamentação rasa, sem fundamentos. Os textos gerados por IA deixam seus sinais”, opinou.

Outra abordagem foi sobre as inteligências que identificam trechos plagiados em trabalhos acadêmicos. A questão da veracidade e da fidedignidade de referências bibliográficas também foi avaliada, assim como transcrição de áudios, tradução de textos em língua estrangeira, efeitos a longo prazo da IA no desenvolvimento acadêmico e científico, entre outros tópicos.

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