Por Ingrid Castilho
Comunicação do CFC
As especializações têm sido cada mais vez mais requisitadas pelo mercado de trabalho e são uma grande oportunidade para profissionais solucionarem problemas cotidianos. Na semana do Dia do Profissional da Contabilidade, comemorado em 25 de Abril, o CFC reforça a importância da educação profissional continuada e explica como é possível ingressar em um programa de mestrado ou doutorado da área contábil.
O que é o mestrado?
O diretor de Relações Institucionais da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (Anpcont), professor e pós-doutor Marcelo Botelho define que o mestrado é uma formação de pós-graduação stricto sensu. Tal modalidade se refere a pós-graduação no seu sentido estrito, que pode ser mestrado ou doutorado, e indica que o estudante possui um grau superior ao de bacharel.
“Em geral, demonstra a formação profunda, com foco na didática para ensino e na preparação para a pesquisa, resolvendo casos complexos com o uso da metodologia científica aplicada ao problema que se dedica em sua pesquisa”, acrescenta Botelho.
O professor doutor Faculdades de Ciências Econômicas em Uberlândia (FCA - UFMG), Eduardo Nascimento, salienta que os programas de pós-graduação permitem um desenvolvimento profissional inigualável, por meio do acréscimo de conhecimento, habilidades e atitudes que são aperfeiçoados e desenvolvidos, bem como através do contato com novas técnicas e métodos de trabalho.
Ele comenta que, em geral, os ambientes do mestrado e doutorado são compostos por pessoas totalmente interessadas no tema e que ali estão presentes devido ao entusiasmo que sentem pela profissão. “Tudo o que discutimos é com o objetivo de aprimorar a Contabilidade. Esses debates são recompensadores, porque o aluno é chamado a refletir sobre tudo o que afeta nosso objeto de estudo, e tudo aquilo que pode vir a contribuir para a forma como de fato fazemos Contabilidade”, destaca.
Como ingressar?
Os processos seletivos dos programas de mestrado e doutorado variam de acordo com as instituições de ensino superior, que devem possuir autorização da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), para executá-los.
Botelho detalha que “a maioria dos processos é feito por meio de uma prova de conhecimentos gerais – como português, matemática e raciocínio lógico – ou de conhecimentos específicos da área do mestrado – como Contabilidade”. Ele também sinaliza que pode haver testes de língua estrangeira, que, quando exigidos, costumam ser de inglês, e etapas de entrevistas e análise dos projetos dos candidatos”.
Antes de ingressar no mestrado, Nascimento ressalta que uma reflexão importante a se fazer é sobre a organização das cargas horárias de trabalho e estudo. “As dificuldades de se fazer mestrado ou doutorado se resumem em uma única palavra: dedicação. Isso não significa que o aluno não poderá fazer outra coisa a não ser estudar. Não é isso. Uma parte da dificuldade de se ingressar em um programa é que, em alguns deles, as aulas acontecem durante o dia (comumente de manhã ou à tarde). Então, o que acontece é que o aluno precisará conciliar suas atividades profissionais com essas aulas”, pontua.
O que eu ganho com o mestrado?
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2019, a média salarial de um profissional com mestrado seria por volta de R$ 5,6 mil e de um com doutorado seria R$ 6,6 mil mensais. Ambas as rendas são maiores que os valores recebidos pela população que possui apenas graduação ou outro tipo de especialização.
Para o professor doutor Eduardo Nascimento, embora exista uma valorização financeira, o maior ganho é o desenvolvimento profissional e aprimoramento das habilidades. Nascimento também frisa que entender a origem da Contabilidade e a forma que se desenha para caminhar com ela permite a criação de trabalhos com relevância social.
Na questão prática, Botelho revela que “as técnicas de pesquisa podem ser utilizadas para solucionar lacunas organizacionais, desde identificar um problema até estruturar meios para poder analisá-lo e resolvê-lo”.
Para o professor pós-doutor, a demanda por mestres e doutores em contabilidade está crescendo nas empresas, pois há uma necessidade cada vez maior do suporte à tomada de decisões e da compreensão do ambiente de negócios com análises mais profundas, baseadas em ciência e com a utilização de metodologias e dados que suportem essas decisões. “Um profissional com a experiência de um mestrado acaba sendo valorizado pela sua capacidade analítica e crítica sobre os problemas organizacionais”, pontua.
Quais são os temas mais explorados nas pós-graduações em contabilidade ou que estão em alta no mercado?
Tanto o professor Botelho quanto o professor Nascimento afirmam que esta é uma pergunta difícil de ser respondida. Afinal, a contabilidade é diversa. Botelho sinaliza que os próprios programas de mestrado/doutorado divulgam suas áreas de concentração e linhas de pesquisa, justamente para demonstrar aos candidatos quais são os principais temas estudados naquela instituição.
Para aprofundar o assunto, o Nascimento afirma que “tudo o que puder contribuir com a melhoria da qualidade da Contabilidade pode ser recepcionado”. Entre os temas mais comuns, estão os relacionados à Contabilidade societária, financeira, gerencial, trabalhista, organizacional, e de auditoria e perícia, assim como os de Contabilidade tributária e a teoria da Contabilidade”.
No entanto, ele destaca que existem outros temas menos habituais e que atraem, do mesmo modo, o interesse acadêmico. São eles, por exemplo, a educação contábil (universitária, financeira, tributária e outras), a história da Contabilidade, a Contabilidade ambiental, a metodologia de pesquisa, a epistemologia da pesquisa contábil e a descolonização dos valores sociais.
“Essa multiplicidade de temas ainda é impulsionada pelo direcionamento dos alunos a grupos, contextos e organismos que podem tornar as pesquisas ainda mais inovadoras. Pode-se buscar espaços de estudo, por exemplo, em aldeias indígenas, comunidades quilombolas, ONGs e outros grupos, tornando a pós-graduação um espaço diverso e que admite quase que qualquer tema de pesquisa”, explica.
É possível que profissionais que não estejam no meio acadêmico se candidatem ao mestrado?
Estar há muito tempo longe de uma sala de aula não é impedimento para fazer um mestrado, segundo Botelho. Para ele, a experiência profissional é uma fonte importante de problemas a serem desenvolvidos e estudados no mestrado.
“Não há restrições para que os profissionais retornem ao meio acadêmico. Também não é necessário já estar no meio acadêmico para se especializar. O treinamento da resolução de problemas e do uso de métodos que o mestrado proporciona é cada vez mais valorizado no mercado de trabalho, inclusive com o aprofundamento do conhecimento na área contábil. Então, esse é um grande mito que devemos combater”, finaliza o professor.
Onde encontro mais informações sobre os programas de mestrado e doutorado?
Para conhecer alguns dos programas de mestrado e doutorado em Contabilidade oferecidos no Brasil, o leitor pode acessar a página da Anpcont de Programas Associados, clicando aqui.
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