Por Luis Fernando Souza / Estagiário sob supervisão
Com o passar dos anos, as mulheres têm conquistado cada vez mais destaque nos diversos setores: político, social, cultural ou econômico. Atualmente, pautas são levantadas e eventos são realizados para debater a inclusão feminina no mercado. Um exemplo é o Encontro Nacional da Mulher Contabilista, que transformou a vida da presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Goiás (CRCGO), Sucena Silvia Hummel.
Tudo começou de forma inusitada. Sucena, antes de entrar na vida contábil, cursou Direito e Letras, mas resolveu dedicar sua vida profissional à Contabilidade depois de participar de um evento da mulher contabilista.
“Eu virei a chave da minha vida no Encontro da Mulher Contabilista em Florianópolis. Fui a esse evento como acompanhante do meu marido. Quando cheguei lá, vi como era e fiquei pensando: ‘Gente, que mulheres poderosas! Que mulherada inteligente!’”, explica a contadora.
Tudo iniciou quando a profissional ainda era nova e, para ela, foi na Contabilidade que conseguiu enxergar seu alcance no mercado de trabalho. “Eu tinha uns 24 anos e, na advocacia, eu não tive a oportunidade de perceber a potência da mulher. Eu lembro direitinho do discurso da Maria Clara Bugarim, em que ela incentivava as mulheres e falava do empoderamento e da valorização. Dali, eu saí decidida a fazer Ciências Contábeis e nunca imaginei que estaria aqui na presidência de um Conselho. Então, o evento da mulher mudou toda a minha vida”, conta.
Com o início da vida profissional na Contabilidade, em pouco tempo, entrou na Comissão da Mulher Contabilista – grupo composto por mulheres contadoras e responsáveis pelo evento da mulher.
“Participar da comissão me deu a visão e a necessidade de mostrar para as mulheres que precisamos fazer a diferença, que precisamos participar para, até mesmo, melhorar o nosso dia a dia e incentivar outras mulheres a participar. Além de trabalharmos as prerrogativas, é muito importante trabalharmos outros temas que envolvem a mulher, e a comissão dá oportunidade de falar sobre assuntos relacionados às formas de valorizar a mulher e o seu trabalho; à questão do assédio; e a outros temas que, às vezes, nem envolvem a Contabilidade, mas o ambiente feminino”, explica.
Contabilidade e inspiração
Após alguns anos na profissão, o trabalho desempenhado por Sucena e por outras mulheres tem sido exemplo de inspiração para outras pessoas.
“Às vezes, não temos a noção do que é ser presidente de uma entidade e ser mulher. Eu estou na gestão há quase nove meses e tenho escutado muitos relatos de mulheres que começaram a se aproximar do Conselho pelo papel da mulher na presidência. Elas vêm conversar comigo e falam que sentem mais liberdade, que podem chegar aqui e ser ouvidas, porque a presidente é uma mulher. E são mulheres jovens, recém-formadas”, conta.
O auxílio da presidente do CRCGO vai muito além da Contabilidade. “Há um tempo, eu recebi uma profissional da área que veio pedir uma ajuda um pouco diferente. Ela relatou que sofria violência doméstica e que precisava de ajuda. Ou seja, ela se viu em uma situação em que precisaria de ajuda por parte de uma pessoa de fora e ela sentiu que o Conselho, com uma mulher na presidência, poderia ajudá-la. Eu conversei com ela e pudemos ajudá-la de várias formas, mas com muita sabedoria para entender o que essa profissional estava passando”. E complementa: “Isso é muito sério. É preciso falar de temas que envolvem a mulher, trazer isso para a nossa realidade sem politizar, mas sim como uma forma de ajuda no ambiente de negócios, de incentivo e de apoio. Temos que sair do básico. Hoje uma entidade precisa pensar no ser humano e, às vezes, a pessoa tem apoio apenas na profissão”, pondera.
De acordo com os dados do CFC, no Estado de Goiás existem 4.854 profissionais de contabilidade registradas, entre as funções de contadora e técnica contábil. Já o total de homens é 8.451. Diante disso, trabalhos como o de Sucena se tornam aliados para mudar essa situação. De acordo com a gestora, hoje são mais evidentes histórias de sucesso entre as mulheres, mas esse cenário, segundo ela, ainda pode melhorar.
“Goiás, por mais que seja muito feminino, ainda possui poucos números de registro [feminino] aqui no Conselho, mas temos quebrado barreiras e nós vamos lutar para, cada vez mais, colocar mulheres em um papel de destaque, que, para a mulher, deve ser o topo.” E finaliza: “É motivo de muito orgulho ir ao mercado e à empresa de Contabilidade, ver as mulheres trabalhando, vê-las líderes dos seus departamentos, ver essas mulheres tomando a frente dos seus negócios, sendo donas, tendo o seu próprio empreendimento. A Contabilidade traz isso”, expressa.
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