ENMC: União, valorização, respeito: lições das mulheres empreendedoras

ENMC: União, valorização, respeito: lições das mulheres empreendedoras

Por Graça Ferrari

CRCSP

Moderada pela presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Roraima (CRCRR), Itajay Maria, uma das primeiras palestras do XIII Encontro Nacional das Mulheres Contabilistas (ENMC) teve como tema “Empreendedorismo Feminino”.

Mulheres líderes de suas áreas contaram suas experiências como empreendedoras. A coordenadora nacional do Sebrae Delas, Renata Malheiros, disse que apenas 13% das mulheres conseguem cuidar plenamente de suas empresas. “Somos educadas para cuidar da casa, dos filhos e dos familiares, quando eles precisam.”

Para Renata, esse aspecto cultural faz com que as mulheres dediquem o dobro de horas trabalhadas só para cuidar da casa. “Isso provoca depressão, burnout, doenças mentais, além da culpa que nos corrói.”

 “Eu tenho esperança em nós, porque é possível mudar”, disse Renata, que apresentou o programa Sebrae Delas, uma rede de mulheres empreendedoras que se uniram e, uma ao lado da outra, prestam apoio mútuo. “Nós somos capazes de empreender e levar uma vida digna, alegre e produtiva”, concluiu a coordenadora do Sebrae Delas.

Uma mulher puxa a outra

A líder da Rede de Empreendedorismo e do Grupo Mulheres do Brasil, de Recife, Roseana Faneco, insistiu logo no começo de sua apresentação: “Quando uma mulher sobe, puxa a outra, porque somos parte de um todo, formadas no bem comum”.

A rede Mulheres do Brasil foi fundada pela empresária Luíza Helena Trajano e hoje tem 119 mil mulheres em 27 estados brasileiros e 28 países. Segundo Roseana, uma pesquisa do Instituto Oxford mostrou que 10 milhões de horas trabalhadas pelas mulheres geram US$ 10 trilhões.

“Somos nós, mulheres, que movemos a economia do cuidar – nas empresas e em casa”, disse Roseana. “Se a Contabilidade mudou ao longo dos anos, foi graças ao trabalho da mulher contabilista, organizada, resiliente e que soube conquistar seu espaço na área contábil.”

“Qualquer mulher conta”, afirmou a líder da Rede de Empreendedorismo. “Vamos abrir espaço para outras mulheres alcançarem o sucesso. Sempre com união e afeto.”

Do sertão para a liderança

Primeira mulher presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Pernambuco (CRCPE), Dorgivânia Arraes deu um depoimento sobre sua trajetória de vida. Do sertão de Araripe, Dorgivânia, aos 12 anos de idade, tornou-se líder de sua família, ao perder a mãe. Aos 14, conseguiu um emprego como professora do Mobral, um antigo programa de alfabetização de adultos.

Aos 15 anos, foi trabalhar no setor contábil da Caixa: “Meu sonho era trabalhar em banco”, contou Dorgivânia. "Vi na contabilidade minha oportunidade e resolvi ser contadora." Ela tornou-se sócia de uma empresa de contabilidade ao conhecer seu marido e, juntos, fundaram sua empresa, até hoje ativa.

“Eu me formei com 32 anos, porque havia cursado Letras antes, e consegui trabalhar e criar dois filhos hoje adultos, muito bem formados.” Coordenadora do programa Contador Parceiro, do Sebrae, Dorgivânia, do alto da sua experiência, aconselha: “Sempre busque qualidade, construa com sua equipe uma política sólida, de parceria com seu cliente. Se eu, que era muito tímida, cheguei aonde estou hoje, você também pode”. 

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