Por Lorena Molter
Comunicação CFC
Os participantes do Conexão Contábil Nacional puderam aprender um pouco mais sobre diversidade no quinto painel do evento. Na manhã desta quinta-feira (4), foi abordado no encontro o tema “Ações de diversidade nas empresas para melhoria dos negócios”. O Conexão, acontece nos dias 3 e 4 de julho, e reúne mais de 4 mil participantes nas modalidades presencial, em Belo Horizonte/MG, e virtual. A programação é transmitida pela plataforma Zoom, para inscritos, e pelo canal do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), no YouTube.
O painel foi moderado pela vice-presidente de Fiscalização, Ética e Disciplina do CFC, Sandra Maria de Carvalho Campos. A contadora destacou que todos têm força, capacidade e competência e que o mais importante é o valor que cada um tem a agregar ao mundo. “Nós temos que encarar como multiplicidade de talentos, culturas, competências, saberes, gostos, formas e conteúdos que somam para a construção de um mundo melhor e mais sábio; de empresas mais rentáveis e mais produtivas; de negócios mais eficientes”, afirmou.
“Imagine viver em um mundo em que todos nós possamos ser quem somos, um mundo de paz e de diversas possibilidades?”, com essa frase da autora estadunidense, bell hooks, a co-founder e head de Projetos da Chicas – Estratégias para Equidade, Letícia Lins, iniciou a sua participação no painel.
Durante a sua apresentação, explicou que, pela primeira vez, há várias gerações convivendo juntas no mesmo espaço-tempo, sendo, atualmente, cinco gerações. Lins também questionou o público sobre o que esse cenário representa para as empresas. A painelista pontuou que há muita diversidade e que cada uma dessas gerações convive de acordo com as suas especificidades e traz um olhar diferente para a realidade e lembrou os participantes que “existe diversidade dentro da diversidade”.
Ao explicar o que é diversidade, Lins esclareceu que “o fator ‘diverso’ de um indivíduo pode variar de acordo com a norma estabelecida dentro daquele contexto”, ou seja, a diversidade diz respeito àquilo que relacionamos. A painelista também explicou que a diversidade envolve diferentes atravessamentos. De acordo com ela, atualmente, inclusive, utiliza-se no meio corporativo o termo conhecido como interseccionalidade. “Para entendermos determinada situação diversa, pensando em termos de atuação empresarial, precisamos entender qual o grupo que estamos analisando e quais atravessamentos esse grupo sofre”, disse. Nesse sentido, um indivíduo pode sofrer mais de um atravessamento em termos de grupo minorizado, como ser mulher e negra ou negro e Pessoa com Deficiência (PCD), entre outros.
Letícia Lins apresentou ao público como fomentar a cultura de respeito dentro e fora das empresas. Nesse sentido, mencionou as seguintes orientações: entender que o respeito é uma via de mão dupla; trazer vieses para a consciência; promover diálogos horizontais, ou seja, desenvolver escutas ativas; esquecer a igualdade e adotar a equidade; reconhecer o lugar de privilégio e ser uma pessoa aliada; e acreditar no potencial transformador do diferente, por exemplo nos negócios e na sociedade.
A vice-presidente de Política Institucional do CFC, Maria Dorgivânia Arraes Barbará, também iniciou a sua apresentação com uma frase: “diversidade e inclusão não é um ponto de chegada, mas um caminho constante (...)”, de Carolina Nascimento. A contadora explicou que a autora é colaboradora da Vale do Rio Doce e destacou o quanto algumas empresas têm direcionado forças para essa temática.
O foco da exposição da contadora foram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Barbará informou ao público que as empresas e as organizações da qual fazem parte podem aderir a essas metas. A vice-presidente do CFC ainda ressaltou que a autarquia faz parte do Pacto Global da ONU e realiza atividades visando colaborar com o alcance dessas propostas. A profissional destacou que, quando se fala ODS, existem os avanços, mas também os desafios e apontou as adversidades que o Brasil enfrenta. “O principal desafio no nosso país, em qualquer outro, inclusive nas nossas empresas, é justamente a falta de investimentos, de políticas públicas voltadas para esse tema”, afirmou. Ela ainda apontou a falta de informação, a deficiência de monitoramento dos indicadores e a situação fiscal brasileira como outros problemas que precisam ser superados.
A painelista abordou as ODS 5 – Igualdade de Gênero, 10 – Redução das Desigualdades e 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes durante a sua apresentação. A contadora compartilhou um case de sucesso que ocorreu na Convenção do Conselho Regional de Contabilidade de Pernambuco, em outubro de 2023, na época em que a contadora foi presidente da entidade. “Seria um dos últimos eventos da gestão. Um dos pontos que nós fizemos questão era que tivesse inclusão e diversidade em todos os espaços daquela convenção. Os recepcionistas ou tinham Down ou eram autistas, com os seus equipamentos, lógico. Para a apresentação principal, o sonho de todos era que fosse um nome renomado para chamar público, mas convidamos, justamente, uma associação sem fins lucrativos e trouxemos a primeira bailarina Down de sapatilhas de ponta. Aqui, há muitos que estavam lá e todo mundo se emocionou”, contou. E completou: “Este é o nosso papel também quando ocupamos cargos de gestão e de liderança: é que a gente não apenas fale, mas que dê o exemplo”.
Barbará ainda ressaltou que “investir em inclusão e diversidade não é apenas uma questão de justiça social, é uma estratégia de negócios inteligente” e anunciou, ainda durante o painel, a assinatura da portaria com os nomes da Comissão de Inclusão e Diversidade do CFC.
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