Dia Internacional da Mulher é motivo de comemoração e de defesa da igualdade de condições

Neste mês de março é oportuno refletir sobre os desafios e conquistas da sociedade brasileira nas questões de gênero. No Brasil, as mulheres ainda recebem, em média, um terço a menos do que os homens para desempenhar o mesmo papel. O País tem o quinto maior índice de homicídios femininos do mundo, e estamos entre os 50 países com maior número de mães adolescentes. Os dados são preocupantes, mas avanços têm sido percebidos em diversas áreas, como na educação, onde as mulheres são a maioria nas universidades e nos cursos de qualificação. Algumas carreiras quebram barreiras no reconhecimento do papel da mulher, como é o caso da contabilidade.

Em 1991 o Conselho Federal de Contabilidade realizou o primeiro Encontro Nacional da Mulher Contabilista. Naquele momento, elas representavam cerca de 20% dos profissionais contábeis, e hoje são cerca de 45% dos profissionais registrados e mais de 50% dos alunos inscritos nos cursos de bacharelado em ciências contábeis, o que nos leva a crer que, em breve, elas serão a maioria na carreira. Esse é um ganho para as mulheres, mas é principalmente um ganho para o País, que encontra, a seu serviço, a riqueza da diversidade convivendo com a excelência profissional.

Várias são as razões para o crescimento feminino na carreira contábil. As modificações da própria sociedade abriram mais espaço para o pleno desenvolvimento das mulheres. Hoje elas têm maior acesso à educação formal, ao trabalho, dividem as responsabilidades com seus parceiros na criação dos filhos e na administração da casa e, em 40% dos casos, chefiam os lares, o que exige uma postura profissional mais arrojada.

Outro motivo que explica esse crescimento das mulheres na carreira é o papel estratégico que a contabilidade vem desempenhando nos negócios. Esse novo papel leva à valorização, atração e retenção de talentos. Não cabe mais no imaginário coletivo o contador como um profissional preso aos papeis, atrás de uma mesa. Com a adoção de normas de contabilidade internacionalmente aceitas, o profissional contábil passou a gerir grande quantidade de informações indispensáveis para a melhor tomada de decisão, seja do gestor das corporações, seja do gestor público. A contabilidade tem ainda papel indispensável ao necessário controle social. São essas e esses profissionais os responsáveis por dar transparência aos dados e às informações relevantes de empresas e Estados para que o cidadão possa exercer seu papel democrático de fiscalizar as ações dos governantes.

Os avanços tecnológicos também colocaram a contabilidade em evidência. O Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) produziu uma revolução no dia a dia da profissão, reduzindo tempo para realização de obrigações acessórias, o que permite que o profissional trate a informação contábil para oferecer outros serviços, como a controladoria, responsável por otimizar resultados com base nos números para aprimoramento de processos dentro das companhias.  Isso, inequivocamente, atrai profissionais mais qualificados, e as mulheres têm ocupado com muita eficiência esse papel.

Diferentemente do que ocorre em outras carreiras, a contabilidade não distingue a remuneração de homens e mulheres. Seja ocupando cargos nas organizações ou à frente de escritórios, a expertise profissional é que determina os rendimentos e a ascensão profissional. O Conselho Federal de Contabilidade, entidade que reúne mais de 530 mil profissionais, já foi presidido por uma mulher, já teve várias mulheres entre os vice-presidentes e hoje uma área crucial para a entidade, o controle interno, é comandada por uma mulher. Internacionalmente não é diferente. A Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês) é presidida por a Rachel Grimes, que substituiu a primeira mulher a ocupar o cargo, Olivia Kirtley.

Para atender às responsabilidades exigidas do novo profissional e de um mercado cada vez mais competitivo, é indispensável que as profissionais e os profissionais da contabilidade se mantenham atualizados. E o melhor caminho é a educação profissional continuada. O Conselho Federal de Contabilidade tem hoje mais de 600 instituições de ensino credenciadas, aptas a oferecer capacitação profissional. A entidade promove, ainda, eventos, cursos e palestras com esse mesmo fim. No ano passado, mais de 30 mil pessoas participaram de mais de 30 eventos, entre cursos e palestras. As mulheres foram metade desse público.

Este ano, o CFC realiza a XI Encontro Nacional da Mulher Contabilista, entre os dias 13 e 15 de setembro, em Gramado. O evento discutirá avanços e desafios para a carreira contábil, mas também abordará temas que estão na pauta da sociedade.

Os desafios ainda são muitos, mas as mulheres da contabilidade estão prontas para eles.

 

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