Contabilidade auxilia na prevenção de fraudes corporativas; 20º CBC vai discutir o tema

Por Juliana Oliveira
RP1 Comunicação

Auditor afirma que ciência contábil é a que mais tem instrumentos para identificar fragilidades na gestão

Estudo feito por uma empresa de consultoria de risco e auditoria apontou relação entre fraudes e o Produto Interno Bruto (PIB). Quanto menor o PIB, maior os riscos de atos irregulares. No momento em que a crise econômica reduz o crescimento do País, as empresas devem reforçar suas equipes de controle interno. Segundo o doutor em controladoria e contabilidade, consultor da Fipecafi e professor da FEA/USP, Guillermo Braunbeck, a contabilidade tem uma visão privilegiada para observar anomalias que merecem ser investigadas.

Não há estatística sobre fraudes corporativas no Brasil, mas dados da Transparência Internacional mostram o que o País tem sérios problemas nessa área. Numa escala que vai de zero, para um indicar uma nação muito corrupta, a 100, para países com índices desprezíveis de corrupção, o Brasil ocupa a posição 38. De acordo com Braunbeck, os dados não se referem apenas ao setor público. “Não é apenas uma questão crítica para a gestão pública, pois o Estado não existe isoladamente, fora da sociedade. Esse nível de corrupção é sinal de um problema endêmico, e evidentemente as corporações não estão apartadas dessa constatação”, afirma.

O estudo mencionado mostra que a fraude mais comum é a oferta ou o recebimento de suborno, com 60%. A segunda, com 32%, é a apropriação indébita, e apenas 8% são demonstrações fraudulentas, em que os dados de uma companhia são manipulados. Para enfrentar o problema, Braunbeck sugere manter controles internos que mitiguem os riscos operacionais e de fraude, e construir mecanismos para detectar possíveis irregularidades. Segundo ele, os profissionais da contabilidade saem dos bancos escolares com habilidades para essa função de controle. “Não é função primária do profissional da contabilidade detectar fraudes, mas, como gestor do processo de coleta e conversão de dados da empresa em informações, ele dispõe de um ponto de visão privilegiado para observar as transações e os eventos da empresa e, consequentemente, identificar riscos de processo que podem ser melhorados. Ele também tem condições de observar anomalias que podem ser mais profundamente investigadas. Na formação de auditoria independente, que é exercida por profissional da contabilidade, há uma visão da gestão de riscos, auditoria e controle interno”, diz.

Braunbeck destaca que contratar uma auditoria, além de uma forma de enfrentar possíveis desvios, traz outros benefícios para empresas de todos os portes. “Demonstrações financeiras e relatórios de auditoria são informações úteis para quem usa. Se uma empresa recorre ao mercado de dívida ou de crédito para financiar seu crescimento e suas atividades, terá potencialmente um custo de captação menor se apresentar demonstrações financeiras auditadas. Mesmo o dono de uma empresa que não capte recursos pode ver utilidade em ter um auditor externo dando segurança aos relatórios que ele usa para gerir seu negócio”, defende.

Os aspectos comportamentais relacionados às fraudes corporativas e os que envolvem a segurança e a responsabilidade do auditor nesse contexto serão tema do 20.º Congresso Brasileiro de Contabilidade, que será realizado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), de 11 a 14 de setembro, em Fortaleza. O painel que terá Braunbeck e o professor Ph.D. da Universidade de El Passo, Texas, especialista em Comportamento Humano, Daniel Nelson Jones, será coordenado pela conselheira do CFC Jeanne Carmem Figueira.

O painel Auditoria e Fraudes Corporativas ocorrerá no dia 14 de setembro, às 16 h, no auditório Pecém do Centro de Eventos do Ceará.

A programação completa do 20º CBC pode ser conferida em cbc.cfc.org.br. As inscrições para o evento estão abertas e podem ser feitas no mesmo site.

 

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