Conselhão: Fórum debate inclusão de gênero como boa prática nas entidades

Por Sheylla Alves
Comunicação CFC

Na manhã desta terça-feira (25/7), o Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas (Conselhão) realizou a 97ª Reunião Plenária. O encontro ocorreu na sede do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), em Brasília, e contou com a participação dos representantes e dos presidentes dos conselhos profissionais que compõem o grupo.

Na oportunidade, o presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e coordenador do Fórum, Aécio Dantas, destacou que o grupo continuará com o compartilhamento de boas práticas e ações que visem à participação em proposituras legislativas e atuem em prol da defesa das profissões regulamentadas.

Em seguida, Aécio passou a palavra para o conselheiro federal do Confea, Osmar Barros, que realizou uma fala inicial sobre o Programa Mulher, desenvolvido pelo Sistema Confea/Crea e pela Mútua. “Na nossa última reunião, enquanto falávamos de boas práticas, fiz uma solicitação para que fosse colocado em pauta o nosso Programa Mulher, que é um sucesso e será apresentado pela conselheira federal Michele Costa. Estamos com a casa cheia, com a presença de diversos membros das nossas comissões; entre elas, está a Comissão Temática de Harmonização do Interconselhos, em que buscamos, no nosso dia a dia, trazer uma harmonização entre os conselhos federais”, apresentou.

Conselheira federal do Confea, Michele Costa apresentou o Programa Mulher, que é um case de sucesso da entidade e foi um exemplo de boa prática em prol da inclusão e igualdade de gênero para as demais entidades. Ela destacou que o programa foi criado em 2019 e é baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “Essa iniciativa se baseia no ODS 5, que trata da igualdade de gênero, e no ODS 10, sobre redução das desigualdades. Então, o programa se aperfeiçoa desde 2019, com o objetivo de fortalecer o compromisso com o empoderamento das mulheres dentro da nossa entidade. Sabemos que, apesar do ambiente predominantemente masculino, atuamos para que as mulheres se enxerguem em cargos de liderança, e para a aceitação, por parte dos homens, de verem as mulheres como líderes”, explicou Michele. Na ocasião, ela também apresentou a missão e as diversas ações realizadas pelo programa.

Para o coordenador do Fórum, Aécio Dantas, o compartilhamento dessas boas práticas se torna ainda mais importante quando traz temáticas que podem ser implementadas por outras instituições. “No CFC, nós temos a Comissão da Mulher Contabilista, que já tem realizado um trabalho há bastante tempo. No passado, tínhamos a proposta de inserção da mulher nos espaços da Contabilidade, que eram majoritariamente masculinos; hoje, já temos um cenário bem distinto: 46% do corpo profissional registrado é feminino. Observamos que, nas faculdades do curso de Ciências Contábeis, já temos uma maior presença de mulheres; então, vejo que, daqui a cinco ou dez anos, essa porcentagem será ultrapassada, e isso acontece graças às políticas de gestão e ações que incentivam a inserção da mulher nos mais diversos ambientes antes tidos como masculinos”, detalhou o presidente do CFC.

Para complementar, ele ainda citou os dois maiores eventos da classe contábil: o Congresso Brasileiro de Contabilidade (CBC) e o Encontro Nacional da Mulher Contabilista (ENMC), que são espaços de incentivo ao protagonismo feminino. “Hoje, dos 27 presidentes regionais do Sistema CFC/CRCs, 11 são mulheres; ou seja, já são 40% de mulheres, e esse é o propósito. Temos que continuar trabalhando na linha da inclusão em todas as esferas. Também lançamos recentemente um selo do CFC Inclusivo, que está alinhado com as pautas dos ODS”, finalizou.

Diante do contexto, o presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, ressaltou a importância de ações relacionadas à inclusão e às políticas de igualdade de gênero. “Na Psicologia, nós somos, em ampla maioria, mulheres. Hoje, temos 69% de profissionais mulheres, o que não é um acaso, já que estudos comprovam que profissões que estimam cuidados são ocupadas, em sua maioria, por mulheres”, apresentou. Para ele, existe uma necessidade de pautar as relações de gênero construídas desde a infância. “É muito importante adotarmos diretrizes como o Programa Mulher, do Confea, que tem buscado produzir mais simetria nas construções de gênero e nas relações de poder. Gostaria de dividir uma boa prática do CFP, que, desde as eleições de 2022, não permite a construção de chapa sem que pelo menos 50% dela seja composta por mulheres; além disso, 20% delas precisam ser formadas por negros e indígenas. Isso mudou completamente a dinâmica e a configuração das relações de poder construídas na nossa profissão”, apontou Pedro.

Durante a reunião, o grupo recebeu o relato das atividades da Comissão de Assessoramento Técnico do Fórum. Na oportunidade, discutiu-se o Acórdão n.º 2402/2023, do Tribunal de Contas da União (TCU), que dispõe sobre o prazo de cumprimento das recomendações. Também foram apresentadas as experiências e dificuldades que os conselhos têm para estabelecerem normativas.

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