Por Luis Fernando Souza / Estagiário sob supervisão
No segundo dia do Conexão Contábil Norte, foi exibido o painel “Relatórios Corporativos, tendências no suporte de sustentabilidade”. O objetivo do tema era passar para o público como a sustentabilidade está inserida na pauta contábil. Para discorrer sobre o assunto, estiveram presentes como moderador o coordenador Técnico do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS) e professor da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Flores, e, como debatedores, o vice-presidente Administrativo do CFC, Carlos Rubens de Oliveira e o presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Tocantins (CRCTO), João Gonçalo.
Eduardo Flores trouxe a pauta ambiental para o campo da Contabilidade da mesma forma que é abordado no ambiente universitário. Para isso, iniciou apresentando ao público um gráfico com a evolução do desenvolvimento contábil, do século 18 até o ano de 1975, época em que surgiu a Contabilidade Social.
“Uma pergunta que sempre surge, quando isso vem para a pauta contábil, é se sustentabilidade é assunto de contador. E a resposta é sim, é realmente assunto de Contabilidade. Ou seja, nós estamos escutando falar de agenda social e ambiental e ESG nos últimos quatro anos com maior ascendência. Mas o ponto é: essa discussão não é algo de ontem, tem pelo menos 60 anos”, falou Flores.
De acordo com o professor, isso se dá pelo fato de a profissão ser uma área do conhecimento humano que visa produzir relatórios para tomada de decisões independentemente da situação. E, hoje, a sustentabilidade é um tema que permeia todo um ecossistema em que os contadores estão inseridos.
Para mostrar ao público como isso funciona na prática, foi dado por ele exemplos reais. “O Banco Central (BC) soltou uma série de resoluções exigindo das instituições que divulguem o impacto climático da atividade delas. Isso acontece porque o BC tem a missão/intuito de segurar a inflação. Mas, à medida que se tem mudanças climáticas, pode existir alterações em preços de safras e o brasil é um país agrícola. Isso afeta drasticamente em importação e exportação e disponibilidade de produtos. Então o BC, dentro da missão social que a ele cabe, olha para uma discussão de sustentabilidade e vê que isso o afeta, porque impacta a política monetária. Logo, eu vou exigir que as empresas divulguem os impactos climáticos dela”, esclareceu.
Depois de mostrar como as áreas se relacionam, Eduardo Flores passou a apresentar os principais modelos de Divulgação Voluntária e como funcionam. Entre eles estavam o Global Reporting Initiative (na sigla em inglês, GRI), o International Integrated Reporting Council (na sigla em inglês, IIRC) e Sustainability Accounting Standards Board (Sasb). “As instituições podem seguir os relatórios que acharem melhor, mas devem conciliar a sustentabilidade e demonstração financeira”, explicou.
No final do painel, o debatedor Carlos Rubens questionou o professor sobre como levar a mensagem e preparar o profissional para esse tema. Na oportunidade, Eduardo Flores destacou a Educação Profissional Continuada.
“A gente não teve uma instrução educacional sobre temas de sustentabilidade. O que nos abre um desafio e uma oportunidade. Nós vamos ter que voltar para os bancos escolares. Temos que entender o que essas discussões têm de proximidade e de distanciamento. E, quando trabalhamos com conhecimento, basicamente nos aposentamos quando paramos de estudar. Então o desafio está voltado para a educação”, expressou Flores.
Já o segundo debatedor, João Gonçalo, pediu para Eduardo esclarecer como, na prática, integrar os ativos tangíveis com os intangíveis. Eduardo citou um livro de referência e discorreu sobre o valuation – avaliação de empresas – de outras empresas multinacionais.
Para ver o painel completo e com mais detalhes, clique aqui. A apresentação inicia a partir das 2h e 40 minutos.
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