Por Lorena Molter
Comunicação CFC
A prevenção a fraudes e a lavagem de dinheiro no futebol foi uma das temáticas abordadas no 3º Seminário de Contabilidade Aplicada às Entidades Esportivas. O assunto foi apresentado, na tarde desta quinta-feira (30), durante o evento. A programação acontece na sede do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP), entidade que apoia o encontro. A atividade é uma iniciativa do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Na ocasião, a advogada na área de compliance e proteção de dados na SAF Botafogo, Andressa Felippe, apresentou a palestra “Gestão de riscos e compliance no futebol moderno: prevenção a fraudes e lavagem de dinheiro”.
Durante a apresentação, Andressa Fellipe ressaltou que não se pode fantasiar as questões de gestão dentro dos clubes, pois o país ainda precisa avançar em diferentes aspectos. “O futebol do Brasil precisa de uma governança maior, precisa de um compliance mais efetivo, com controles mais rigorosos”, informou.
A exposição da palestrante foi estruturada no sentido de orientar sobre a importância da governança corporativa no âmbito do futebol. Para isso, dividiu a sua apresentação em três grandes blocos: conceituação, contextualização e questões práticas relacionadas a aspectos regulatórios que podem gerar riscos financeiros altos para os clubes de futebol.
Em continuidade, Andressa Felippe explicou o que é compliance. A profissional informou que muitos pensam que o conceito se trata apenas de ‘cumprir normas’. Contudo, ressaltou que, ao longo dos anos, a definição foi se expandindo e vários novos aspectos passaram a fazer parte da definição do termo. De acordo com a palestrante, em um primeiro momento havia uma relação apenas com a legislação. Em seguida, tornou-se uma “autorregularão regulada”, em que os governos forneciam algumas diretrizes e parâmetros sobre o que é o compliance. Por fim, chegou-se à vivência atual: o aculturamento. “Compliance não é mais apenas cumprir normas, mas fazer uma mudança de cultura. É fazer com que as normas sejam efetivas, tanto no âmbito interno quanto no externo”, explicou. E completou: “Já não se fala do compliance sozinho, mas de um programa de compliance como um todo, que exige a implementação de um código de conduta, canal de denúncia, controles internos, suporte da alta liderança – que é fundamental – e gestão de riscos. Enfim, é um programa muito mais estruturado do que olhar para o compliance só como um compliance regulatório de cumprimento de norma”.
A partir dessa linha de raciocínio, a palestrante abordou a questão de programa de compliance e da governança corporativa, que, segundo disse, envolve elementos bem mais amplos, como gestão e transparência. Uma gestão que se preocupa mais com os seus stakeholders – públicos de interesse -, que não olha para a empresa em um contexto isolado, mas também, no âmbito do futebol, considera o sócio torcedor, a torcida, os acionistas e o governo.
Ao descrever a importância da implementação do programa de compliance, Andressa Felippe lembrou o público, entre outros tópicos, a essencialidade do treinamento dos colaboradores. Na sequência, na área do futebol, a profissional ressaltou que a implementação efetiva dessa estrutura de gestão está relacionada à vantagem competitiva.
Em seguida, a palestrante apresentou ao público um histórico da SAF Botafogo. Andressa Fellipe também explicou quais são os riscos aos quais os clubes estão expostos e como reduzi-los. A palestrante ainda compartilhou o que há de novo no aspecto regulatório que pode gerar impactos financeiros nos clubes e que deve receber ainda mais a atenção dos profissionais da contabilidade. Entre as inovações mencionadas estavam a governança corporativa da Lei das SAFs, a biometria facial nos estádios, o “fair play financeiro” e as apostas esportivas. As regulações estaduais também foram citadas como elementos que podem trazer impactos financeiros.
As boas práticas da SAF Botafogo também foram apresentadas. Entre os exemplos mencionados estavam a certificação com as ISO 9.001 e 14.001, o lixo zero, a coleta seletiva e a existência de um departamento específico para relacionamento com o torcedor. Andressa Felippe ainda discorreu sobre a as práticas relacionadas à Agenda ESG (ambiental, social e governança) no âmbito do futebol e os impactos dos clubes dentro dessa temática.
Para assistir à palestra, clique aqui.
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