Oportunidades e desafios para geração de valor das Sociedades Anônimas do Futebol são temas de painel em São Paulo

Por Gabriella Avila
Comunicação CFC

Desde a implementação da Lei 14.193 em 2021, que institui as Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), os clubes de futebol do Brasil passaram a ter mais valor de mercado e possibilidades para gerar renda.

Essa história, e o que se desenrolou a partir dela para que hoje os clubes de futebol sejam empresas com fins lucrativos, capazes de captar investimentos privados, emitir ações e se financiar no mercado de capitais, foi contada no painel “Valuation de clubes e SAFS: Métodos e desafios”, apresentado hoje no 3º Seminário de Contabilidade Aplicada às Entidades Esportivas, evento que acontecer em São Paulo.

Os palestrantes convidados para falarem sobre esse assunto foram Felipe Pontes, professor licenciado de Finanças no Departamento de Finanças de Contabilidade da Universidade Federal da Paraíba, e Hugo Queiroz, pós-graduado em Finanças Corporativas e Mercado de Capitais. Eles convidaram ainda o presidente do LBS Futebol Club do Reino Unido, Rafael Trapé, que participou virtualmente do painel moderado por Daniel Santos, gerente de controladoria do Palmeiras.

Os palestrantes dividiram conhecimentos e experiências que viveram a partir do trabalho que ambos desenvolvem em captação de recursos. Hugo iniciou sua apresentação com uma linha do tempo, para situar o público no contexto histórico da transformação dos clubes esportivos em empresas. Foi a partir do marco legislativo de 2021, segundo ele, que os clubes puderam explorar possibilidades de aumento de receita.

Hugo abordou como o mercado tem olhado para os times de futebol como oportunidade de investimento, tanto diretamente no time quanto em oportunidades que o ecossistema permite que o investidor tenha acesso, algo que, segundo ele, tem ganhado tração no Brasil. Ele apresentou ainda as principais transações primárias e secundárias efetivadas no Brasil e no mundo e os principais clubes listados em Bolsa, como demonstração de como tudo acontece na prática.

Já Felipe abordou passos para os clubes gerarem valor e acessarem o mercado financeiro, entre eles a estruturação jurídica, a implementação de governança, o planejamento estratégico, entre outros pontos importantes. Ao que Hugo complementou: “O grande desafio que vemos hoje, para as equipes, é a etapa da governança. Como convencer o clube antigo para sair do status quo para migrar para uma estrutura nova como essa. E se não for feito esse trabalho, não se consegue fazer que o mercado veja como uma empresa apta para investimentos”, pontuou.

Em sua exposição, Felipe ressaltou a importância do profissional da contabilidade em todo esse processo. “Existe uma oportunidade gigantesca de consultoria, conselho, entre outras funções para os contadores começarem a ingressar mais nesse mercado. Há bastante espaço, e ninguém melhor que os contadores para ocupar”, afirmou.

Os palestrantes apresentaram o caso do Botafogo, como experiência de clube que trabalhou o entorno do time para obter receita e aumentar o valuation da empresa.

Para oferecer um ponto de vista do funcionamento do mercado em outro país, o convidado Rafael Trapé contou sobre a experiência do clube semi-profissional que preside no Reino Unido, que desde 2017 é uma empresa limitada. Ele falou sobre a estrutura, e principalmente sobre a captação de investimentos para esse clube, dando conhecimento sobre o que o investidores avaliaram para investir.

O painel foi transmitido pelo canal do CFC no Youtube, e pode ser acessado aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=b1HPG9_h1rI

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