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Por Gabriella Avila
Comunicação CFC
A União dos Contabilistas e Auditores de Língua Portuguesa (Ucalp) promoveu, nesta segunda-feira (10), em Lisboa, Portugal, o seminário “Sustentabilidade e Ética: Desenhando o Futuro da Governança Global”. O evento contou com oito painéis temáticos, entre eles um que tratou da importância da governança no âmbito contábil.
O painel, intitulado “Governança sustentável: Integridade e inovação para um futuro resiliente”, teve como expositores o vice-presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Joaquim Bezerra Filho; o contador Antoninho Trevisan, também representando o CFC, e o diretor da International Federation of Acountants (Ifac), Manuel Arias.
Ao apresentar o tema, o moderador do painel, Jorge Barbosa, vice-presidente da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), de Portugal, relacionou a governança com o compromisso de uma instituição com valores sólidos, ao mesmo tempo que visualiza a necessidade de evolução e progresso. No que tange à resiliência, observou que o termo “sugere a construção de algo duradouro capaz de se adaptar a mudanças e desafios”.
Referência
Para falar da governança aplicada com êxito, Joaquim Bezerra expôs a visão e a prática do CFC, autarquia premiada no Brasil pela implementação de práticas de governança sólidas, eficazes e unificadas. Ele abriu a exposição destacando a preparação como fator fundamental para garantir a resiliência de uma instituição como o Conselho, especialmente em um cenário complexo como o da contabilidade, que exige grande controle e transparência de seus processos, e tem como missão servir ao país e à profissão contábil.
Joaquim apontou o Tribunal de Contas da União do Brasil (TCU) como principal referência de governança organizacional, que estabelece um rito didático e metodológico para que as organizações públicas possam se adequar a um modelo eficaz de governança. O CFC adotou esse modelo e somou-se à Fundação Brasileira de Contabilidade para difundir suas estratégias por todo o país, incentivando os contadores de diferentes regiões a aplicarem esses processos em seus serviços profissionais.
“Desenvolvemos uma política única, com um processo de conscientização de cada uma das áreas. Olhando ainda para as práticas e riscos de uma gestão e para a formação de líderes, para atender a necessidade de a instituição ter um sistema eficiente que permita tomada de decisão dos gestores com segurança, transparência e controle”, explicou o vice-presidente do CFC. Na lista de medidas apresentadas por ele, estavam o Programa de Integridade, o Plano de Logística Sustentável, a Carta de Serviço aos usuários, entre outras estratégias.
Segundo Joaquim, o modelo vem sendo desenvolvido e aprimorado nas últimas duas décadas. O empenho gerou premiações diversas, como o 1º lugar do Prêmio Rede Governança Brasil, na categoria Administração pública direta, autárquica e fundacional, em 2022; o 1º lugar na categoria Conselhos Federais de profissão regulamentada na implementação de práticas governamentais, atribuído pelo próprio TCU, entre outras premiações celebradas nos últimos anos.
“A meta para 2025 é criar os próprios indicadores de forma mais robusta, com diagnóstico completo dos estados, e saber, na forma e na essência, como está a aplicabilidade da governança em todo o nosso Sistema CFC/CRC”, concluiu o vice-presidente.
Relatórios Corporativos
Um dos temas mais abordados atualmente nos debates contábeis são os relatórios de sustentabilidade das empresas e organizações. Nesse sentido, o diretor adjunto da Ifac, Manuel Arias, apontou alguns caminhos que podem auxiliar os profissionais na composição desses relatórios.
Uma de suas indicações foi promover uma mentalidade integrada, ágil e dinâmica entre as equipes da empresa, conectando as informações, assim como a criação de uma base global para relatórios, com linguagem única e comum para facilitar a construção dos relatórios.
A questão da consciência da importância desse trabalho também foi um ponto apresentado pelo diretor. “A sustentabilidade não é uma moda. Nós temos que nos convencer da grande oportunidade que essa discussão apresenta a nossa profissão. É uma oportunidade que requer muita capacitação e treinamento, e o convite é começar agora, pois nas futuras gerações isso será um grande enfoque de trabalho. A profissão contábil que conhecemos hoje, em três ou quatro anos será uma profissão totalmente revitalizada”, afirmou Manuel.
Conselho para a sustentabilidade resiliente
Já o contador Antoninho Trevisan usou suas mais de cinco décadas na contabilidade para fazer uma análise do atual cenário da profissão, e indicar mudanças que ele acredita serem favoráveis para os objetivos da Contabilidade para com a sociedade.
“Eu penso que a simplicidade na comunicação contábil é a base de tudo [...] Hoje emitem-se tantas normas, e tão complexas, algumas delas tão subjetivas, que a sociedade não está sendo capaz de acompanhar. A contabilidade tem que ser objetiva. o que está acontecendo é que esse excesso de normas está nos afastando da sociedade.”
Trevisan indicou ainda a melhoria da comunicação como fator para a resiliência no setor. “Temos que olhar para o consumidor da demonstração financeira como ele é. Ele não é um especialista e não entende de contabilidade, mas ele precisa entender o que escrevemos. Um dever nosso é sermos simples e claros ao nos comunicarmos”, concluiu
Este painel pode ser assistido na íntegra no canal da CFC no Youtube, pelo link: https://www.youtube.com/live/pKbFq6L3rF4
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