Por Lorena Molter
Comunicação CFC
Discutir as normas de divulgação de sustentabilidade e o impacto nos relatórios de contábeis foi o objetivo do painel “Requisitos do IFRS para relatos de sustentabilidade”. A atividade aconteceu, na tarde do dia 10 de setembro, na 21º Congresso Brasileiro de Contabilidade (CBC).
O professor doutor e coordenador Técnico do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), Eduardo Flores, e a professora doutora e participante do GT Educacional do CBPS, Elise Zaro, apresentaram a temática do painel. A mediação foi conduzida pela vice-coordenadora de Relações Internacionais do CBPS, Vânia Borgerth.
Eduardo Flores ressaltou que, embora alguns temas abordados nas normas CBPS 01 e 02 envolvam conhecimentos que não são de domínio da classe contábil, os profissionais da contabilidade possuem a expertise na elaboração de relatórios corporativos. O acadêmico destacou que a formação transversal será algo importante para a aquisição de conhecimentos.
Sobre o CBPS 01 (IFRS S1), Flores destacou a relevância da materialidade e do conceito de representação fidedigna. O coordenador Técnico do CBPS afirmou que um relatório corporativo deve ser tão fidedigno quanto um mapa. O professor lembrou que a materialidade é uma informação financeira e que isso vale também para o relatório de sustentabilidade. Em resumo, ressaltou que o exercício de materialidade é o mesmo que os profissionais já fazem para a demonstração financeira. Flores ainda alertou que esse relatório de sustentabilidade precisa sair junto com os relatórios financeiros, não sendo adequada a divulgação em setembro.
Os pontos abordados sobre o CBPS 02 (S2) foram o fato de ser uma norma de natureza temática e que o documento não pode ser apenas retórico, mas conter um lastro informacional. Flores ressalta que esse normativo foi desenvolvido, assim como o IFRS S1 (CBPS 01), para que informações de sustentabilidade sejam robustamente elaboradas como acontece nos relatórios financeiros. No caso do IFRS S2, por exemplo, os riscos e as oportunidades relacionados às mudanças climáticas precisam estar devidamente registradas.
O acadêmico destaca que não é simplesmente ser verde, mas produzir informação útil para a tomada de decisão. Em termos procedimentais, Flores esclarece que as ações são parecidas com as atividades que os profissionais já fazem. Ele também salienta que o relatório de sustentabilidade deve se comunicar com o relatório contábil. O professor destaca o papel do contador nesse processo em relação às empresas. “A primeira coisa que nós precisamos pensar é que o contador cumpre um papel educacional. Ele tem uma responsabilidade social, principalmente com empresas de médio e pequeno porte porque é um dos primeiros profissionais a ser consultado pelos empresários para a tomada de decisão, seja ela de aspecto tributário, de financiamento, mas, sobretudo, em aspecto negocial. Então, há um elemento interessante quando se aprofunda no tema da sustentabilidade. Ele consegue vislumbrar complementos de modelos de negócios, complementos de geração de valor, novos negócios e oportunidades que ele, ao comunicar isso para os empresários, consegue dar a eles a possibilidade de entender como aumentar a capilaridade dos negócios deles, atuando em áreas que até então não pensavam ou fazendo de uma forma mais eficiente aquilo que eles já fazem”, explicou.
Elise Zaro discutiu o assunto a partir da perspectiva educacional. A acadêmica ressaltou a necessidade de disseminação da norma e o seu entendimento. Para a professora, não adianta a norma ser maravilhosa se quem vai aplicá-la ainda não a conhece. Zaro ainda destacou que a Contabilidade pode ser uma grande aliada da sustentabilidade.
Um dos pontos ressaltados foi a necessidade de as empresas terem que trabalhar com o escopo 3, a partir da entrada em vigor dessas normas. Isso significa que toda a cadeia de valor do negócio deverá estar mapeada quanto aos seus impactos ambientais, o que gera um compromisso social, principalmente das grandes empresas, em relação aos fornecedores que possuem pequenos negócios. “O escopo 3 precisa ser pensado em uma transição justa porque teremos diversas empresas que vão estar nessas cadeias de fornecimento, de diversos tamanhos, e com dificuldades diferentes. Então a empresa tem que entender o papel da responsabilidade dela de também apoiar todo esse processo e conseguir, então, que tenhamos uma transição para um futuro mais sustentável pensando no ambiental e no social também” contextualizou Zaro.
O CBC
O maior evento contábil da América Latina acontece a cada quatro anos e tem a finalidade de capacitar a classe contábil, promover o debate de temas atuais e estratégicos para a Contabilidade e proporcionar um ambiente de troca de experiências.
O 21° CBC contará com 48 paineis, 9 palestras, 22 fóruns e a apresentação de 136 trabalhos, entre produções técnicas e científicas. A programação inclui ainda Exposição Literária, Feira de Negócios e agenda cultural.
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