Por Luciana Melo Costa
Comunicação CFC
O presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Aécio Dantas, abriu as atividades da 11ª edição da Conferência Regional de Transparência e Responsabilidade pelo Crescimento Econômico Regional (CReCER). O evento, que acontece de hoje (9) a 11 de maio de 2023, em São Paulo/SP, tem como objetivo promover o diálogo em duas frentes: a dos relatórios financeiros e de sustentabilidade de alta qualidade que podem apoiar a agenda de desenvolvimento sustentável, tanto no setor público quanto no privado; e a do uso de tecnologia para melhorar os sistemas centrais do Governo, incluindo aqueles para maior transparência e responsabilidade.
Em sua fala, o presidente Aécio apresentou as ações desenvolvidas pelo CFC e que conversam com os propósitos do evento, como a criação do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), entre outras, e lembrou que a Contabilidade tem sido instada à mitigação dos desafios ambientais.
“A Ciência Contábil vem sendo chamada para a linha de frente da sustentabilidade, com o objetivo de desenvolver padrões globais de mensuração do impacto ambiental e social e de governança das atividades econômicas desenvolvidas ao redor do mundo”, ressaltou.
Aécio Dantas também falou dos desafios da Contabilidade frente as novas demandas mundiais que envolvem a melhoria do ambiente de negócios, governança e sustentabilidade.
“Temos um gigantesco desafio pela frente, que é o de atender a essa demanda na busca de uma mudança de paradigma da economia, que reclama a adoção de providências urgentes de todos os segmentos, e nós, profissionais da contabilidade, precisamos definir padrões contábeis de aferição e consequente divulgação da conformidade e comprometimento das organizações com a Agenda ESG de sustentabilidade global”, ponderou.
Em seguida, o representante do Comitê Global de Política Pública (GPPC, na sigla em inglês), Wallace Gregory, tomou a palavra. Na oportunidade, ele destacou que as mudanças econômicas e sociais sofridas pelos países nos últimos anos imprimiram um novo ritmo ao mundo e discutiu como essas alterações têm requerido das instituições contábeis uma nova postura. “Temos um desafio maior, pois o mundo está mais dinâmico, mais complexo e com mais desafios. Então, temos que trabalhar mais próximos uns dos outros”, alertou.
Na sequência, foi a vez de o representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, Morgan Doyle, proferir algumas palavras. Doyle lembrou que o contexto pós-pandêmico reduziu a confiança das pessoas e dos mercados em relação às informações veiculadas e que essa desconfiança tem sido um desafio à uniformização dos padrões de sustentabilidade.
“Hoje vamos discutir como padronizar isso e realizar ações mais específicas de sustentabilidade para alavancar o uso de ferramentas digitais para produzir informações. Elas [as informações] estão para enfrentar esse grande desafio que temos pela frente, que é a confiança do mercado”, afirmou.
Posteriormente, o diretor-executivo da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês), Kevin Dancey, destacou também a importância da união dos players e da necessidade de unificação do padrão para o sucesso da implementação do processo de sustentabilidade.
“Precisamos ter padronização obrigatória na parte dos relatórios financeiros para ser credível. Precisamos ter uma estrutura financeira muito forte, na parte de sustentabilidade, e muito profissional, para que funcione bem. Vamos tomar novas e importantes decisões em junho deste ano, para ter confiança nas informações. Temos que ter conformidade nos planos dos prestadores de serviços, garantia de cumprimento e incentivos para que trabalhem”, disse.
Finalizando os discursos, o diretor global de Prática Global de Governança do Banco Mundial, Arturo Herrera, também lembrou que os últimos acontecimentos mundiais (pandemia, guerra na Ucrânia, entre outros) pressionaram o espaço fiscal dos países e reduziram as respectivas capacidades de manobra, justamente quando mundo inteiro enfrenta o desafio da mudança.
De acordo com Arturo Herrera, o atual cenário requer inovação em muitos aspectos, inclusive na Agenda de Transparência e Responsabilidade, e ressaltou que o evento se apresenta como um fórum oportuno para tratar desses tópicos. “Nesse sentido, o CReCER é um dos espaços mais importantes para lidar com essas questões”, destacou.
O diretor do Banco Mundial apresentou ainda um dado estarrecedor sobre a mitigação dos efeitos da mudança climática; entretanto, ele avalia que ainda há oportunidade nesse contexto.
“O Banco Mundial estima que, para enfrentar os desafios da mudança climática, serão necessários entre US$ 1,4 trilhão e US$ 1,5 trilhão ao ano, o que exige que investidores e governos tenham informações confiáveis para poder realizar as ações que ajudam mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Isso requer também critérios claros e transparentes de contabilidade e incorporação de critérios ambientais e sociais em todos os aspectos relacionados à vida pública. Esses são desafios extraordinariamente importantes e que ocorrem em um contexto de múltiplas crises, ao mesmo tempo em que nos apresentam uma grande oportunidade”, avaliou.
CReCER – O evento é organizado em conjunto pelo Banco Mundial (Bird), BID, Ifac, GPPC e o fórum global de representantes das seis maiores redes internacionais de contabilidade. A edição deste ano do CReCER tem como anfitriões e parceiros locais o CFC, o Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon) e o Tribunal de Contas da União (TCU). O evento é rotativo e realizado a cada dois anos.
A conferência é uma plataforma de conhecimento que facilita o diálogo, o debate e a disseminação das melhores práticas globais em relatórios e auditorias contábeis, fiscais e financeiras. Seu foco é o apoio à formulação de políticas econômicas e ao fortalecimento institucional na região da América-Latina e do Caribe.
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