Por Ruvana De Carli
Comunicação CRCRS
Na manhã desta quinta-feira, os participantes da XXXIV Conferência Interamericana de Contabilidade (CIC) e da XVIII Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CCRS) embarcaram em uma viagem no tempo, conduzidos pela lenda Antônio Carlos Nasi, testemunha e protagonista de momentos que escreveram a história da Contabilidade. Com a experiência de quem atua há 60 anos na profissão, 54 dos quais como empresário contábil no ramo de auditoria, o detentor da Medalha Mérito Contábil João Lyra, honraria máxima concedida a integrantes da classe, brindou os convidados com relatos sobre suas vivências, em um bate-papo guiado pelo presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Zulmir Breda, tendo como debatedoras as presidentes da Associação Interamericana de Contabilidade (AIC), Maria Clara Bugarim, e do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS), Ana Tércia L. Rodrigues.
Ao apresentar Antônio Carlos Nasi, o presidente Zulmir Breda falou do orgulho de tê-lo como colega e destacou sua reputação ilibada, lembrando sua atuação no final do anos 1980, no CFC, além de sua contribuição para a edição dos Princípios Fundamentais da Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade. Também foi fundador do Instituto de Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), a partir da união do Instituto dos Contadores Públicos do Brasil (ICPB) com o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibai). No CRCRS, foi vice-presidente de Desenvolvimento Profissional (1994-1995) e Controle Interno (1996-1997), nas duas gestões de Olivio Koliver, de quem foi aluno na universidade.
Dono de um vasto currículo, Nasi se disse honrado com o convite para participar dessa sétima edição do Lendas da Contabilidade - a primeira em formato presencial desde que o programa foi lançado, em setembro de 2020, pelo CRCRS em parceria com a Abracicon. Lembrou sua primeira participação na Conferência Interamericana de Contabilidade, em Porto Rico, no ano de 1974, quando ainda iniciava a trajetória profissional que o levaria à presidência da AIC, de 1999 a 2001, e à construção de um legado que muito contribuiu e ainda contribui com a profissão contábil.
O adolescente que um dia sonhou ser piloto da Varig, tradicional companhia aérea da época, acabou seguindo a orientação do pai e cursando técnico em contabilidade, no Colégio Rosário, tradicional escola da rede particular, em Porto Alegre. O estágio em um escritório de advocacia consolidou o gosto pela profissão contábil e, em vez de ceder aos apelos dos patrões e cursar Direito, o levou a se graduar em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde hoje se realizam a CIC e a CCRS. "Sou um filho da PUC", conta bem-humorado, recordando que o campus e seu entorno eram muito diferentes, com terrenos vazios e sem vias pavimentadas.
Emocionada, a presidente Ana Tércia observou a admiração dedicada pela classe contábil a personagens que, como Nasi, são exemplos. "Hoje a sociedade está carente de líderes de verdade como as 'lendas' que já abrilhantaram nosso programa. E a série tem esse papel, de resgatar a história da Contabilidade e inspirar os profissionais," afirmou a presidente do CRCRS.
A experiência de Nasi com as entidades começou ainda na graduação, em 1966, período no qual havia duas chapas concorrendo ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), polarizadas em direita e esquerda. Foi quando o reitor à época, Ir. José Otão, o convidou para se candidatar à presidência do diretório, como uma terceira via. Em uma negociação, a reitoria concordou em transformar o terreno baldio defronte ao campus, em campo de futebol. Com essa plataforma, Paulo Chanan, aluno do curso de Direito apoiado por Antônio Carlos Nasi venceu a disputa eleitoral e tornou-se presidente do DCE.
Em 1967, já formado e sem nunca abandonar o exercício da política classista, iniciou sua vida empresarial, fundando, em sociedade com o amigo Arthur Nardon Filho, a Nardon Nasi - Auditores & Consultores, que permanece em atividade, com forte presença no mercado.
Apesar de muito exigido pela profissão e das adversidades, nunca deixou de se dedicar às entidades de classe. Em 1999, por exemplo, não pôde estar presente à própria cerimônia de posse como presidente da AIC, em decorrência de um acidente sofrido pelo filho, que ficou mais de 50 dias em coma.
De outro lado, porém, há o reconhecimento por tanta dedicação. A presidente Maria Clara, perguntou sobre o sentimento de ter sido agraciado com a Medalha Mérito Contábil João Lyra, no ano de 2000. Ele relata que estava no escritório quando recebeu a notícia, que foi como o coroamento da profissão, uma grande realização, em especial, porque foi uma decisão unânime dos 27 CRCs, e "ser reconhecido pelos colegas, é um grande legado", considerou.
Entre os colegas que também trabalharam pelo engrandecimento da classe contábil, rememorou o nome de Ivan Carlos Gatti que, já no ano de 1984, lançou o lema "Contador: a grande profissão do ano 2000", uma máxima que, segundo Nasi, o ex-presidente do CRCRS (1986-1989) levou para a vida e que pautou sua atuação como presidente do CFC (1990-1993), onde revolucionou a estrutura do Conselho e da profissão.
Nasi salientou, ainda, seu vínculo com a educação, que foi além da função como professor universitário. Quando era vice-presidente do CRCRS, levou o Conselho a participar da Feira das Profissões, realizada no estacionamento do Shopping Iguatemi. No primeiro ano, constatou que poucos estudantes se interessavam em conhecer a Contabilidade como opção para o vestibular. No segundo ano, produziu um fôlder, com informações sobre a profissão e o resultado foi a conquista de alunos que ingressaram nos cursos de Ciências Contábeis já no ano seguinte. De lá para cá, a profissão só faz crescer e hoje figura entre as mais atrativas do país.
Lamentando ter deixado o magistério e dizendo-se muito orgulhoso de figurar entre os fundadores do Ibracon, a lenda declarou: "eu amo a Contabilidade!" Ele recomendou a todos que "estudem, estudem, estudem", fazendo como ele que nunca estudou tanto, principalmente para aprender sobre tecnologias.
Em resposta, a presidente Ana Tércia reiterou que a CIC e a CCRS não são sobre Contabilidade, mas sobre pessoas, sobre a vida das pessoas, e sentenciou: "Nasi, a Contabilidade também te ama!"
Essa edição especial foi a sétima da série Lendas da Contabilidade, lançada em setembro do ano passado, e a primeira em formato presencial. As edições anteriores do Lendas da Contabilidade estão disponíveis na TV CRCRS, no YouTube.
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