Por Maristela Girotto
Comunicação CFC
O último painel do Seminário de Inovação e Tecnologia do CFC foi “Regulações mundo afora”, realizado na manhã desta sexta-feira (13), de forma virtual. O tema, abordado pelo diretor executivo da DGA Office, Douglas Gomes Filho, e pelo membro da Comissão de Tecnologia do CFC, Fábio Moraes da Costa, contou com a mediação de Ana Maria Galloro Laporto, também membro da comissão.
Um novo posicionamento do contador, atualmente, quando a inovação e a tecnologia estão bastante presentes na profissão, foi defendido por Gomes Filho. “O contador se posicionou, durante muito tempo, para cumprir a regulação com foco no Governo, por isso não trabalhou para o seu cliente”, afirmou o diretor executivo.
Gestor de empresa de contabilidade, com experiência no mercado financeiro, ele argumentou que o profissional da área precisa se tornar cada vez mais protagonista no mercado e ser mais estrategista dos negócios dos seus clientes.
Gomes Filho fez abordagens sobre o ambiente de negócios no Brasil e apresentou dados internacionais. Segundo o ranking mundial de liberdade econômica – que considera categorias como Estado de Direito, Tamanho do Governo, Eficiência Regulatória e Mercados Abertos –, o Brasil ocupa a 143ª posição.
“O Brasil é considerado ‘majoritariamente não livre’ para se realizar negócios, e é nesse contexto, de excesso e complexidade de legislação, que o contador está inserido”, completou o diretor.
No entanto, de uma década pra cá, segundo Gomes Filho, a tecnologia está chegando com uma série de ferramentas que proporcionam um atendimento regulatório mais eficiente. Com isso, o contador deve passar a se posicionar como um especialista em informações de dados estratégicos para as empresas.
“A partir do momento que você tem tecnologia embarcada e estratégia em seu negócio, você pode se reposicionar na atividade contábil e se tornar um profissional mais valorizado”, afirmou o diretor.
Organizações internacionais
Membro da Comissão de Tecnologia do CFC, o professor Fábio Moraes da Costa falou sobre como algumas entidades internacionais estão lidando com a regulação contábil no cenário atual de tecnologia e inovação.
“Costumamos avaliar a regulação no sentido de restrição, mas precisamos pensar em como trazer guidance para usar a regulação em seu lado positivo”, disse Costa, apresentando experiências que estão sendo desenvolvidas por organismos como a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), a Federação Internacional de Contadores (Ifac) e por outros normatizadores da área contábil – a exemplo do International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB), do International Ethics Standards Board for Accountants (Iesba) e da Association of Chartered Certified Accountants (ACCA).
Moraes citou o exemplo do IAASB, que criou força-tarefa sobre tecnologias emergentes, incluindo data analytics, entre outras, para avaliar o potencial uso das tecnologias para aprimorar a qualidade da auditoria, levando à revisão e ao desenvolvimento de normas de auditoria e asseguração.
Ainda, ele citou que a Ifac criou uma matriz de tecnologia que trata, por exemplo, da tecnologia blockchain e suas relações com a auditoria, a ética, as pequenas e médias empresas (PMEs) e outros tópicos.
Ele destacou, no entanto, que o processo de normatização é de médio prazo, por isso é recomendável deixar a inovação aparecer, haver reflexões sobre ela e só depois produzir normatização a respeito.
Os organismos que representam a profissão, em vários países do mundo, de acordo com o professor, já disponibilizam recursos destinados à propagação do conhecimento sobre inovações e tecnologias, voltados à educação continuada dos profissionais, como cursos, podcasts, webcasts, papers e vários outros formatos.
“A profissão contábil está sendo protagonista no sentido de se preparar para o futuro tecnológico”, afirmou Moraes, que é membro do International Panel on Accountancy Education da Ifac.
.
A reprodução deste material é permitida desde que a fonte seja citada.