Por Amanda Oliveira
Comunicação CFC
O Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março, nos convida a enaltecer figuras femininas que conquistaram direitos e ocuparam novos espaços, servindo de inspiração e abrindo o caminho para outras. Na contabilidade, Maria Constança Carneiro Galvão foi a primeira mulher a ocupar a presidência do Conselho Regional de Contabilidade do Estado da Bahia (CRCBA) e do Instituto de Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) 9ª Região. Ela conta que a decisão de atuar como representante da classe contábil surgiu no dia em que recebeu sua carteira de registro profissional.
“Em 1976, para participar do X Congresso de Contabilidade, em Fortaleza (CE), era preciso ter a carteira de habilitação profissional. Então, fui ao Conselho Regional, fiz a inscrição e no dia da solenidade observei que na mesa só havia homens. Aquilo me surpreendeu e eu disse ‘algum dia, vou me sentar em uma cadeira dessa como presidente’. Lá, fui convidada a participar de reuniões que despertaram interesse na participação de entidades e confesso que acendeu a chama. Os anos se passaram, as lutas foram constantes, mas, em 2008, a promessa se cumpriu. Cheguei até à presidência do conselho, onde fiquei até 2011, por dois mandatos”.
Para a contadora Nilva Amália Pasetto, coordenadora da Comissão Nacional da Mulher Contabilista, a motivação veio da mesma fonte: a baixa representatividade. “Concluí a graduação no final da década de 70. Em minha turma, de 50 alunos, haviam somente 4 mulheres. Depois de formada, fui trabalhar em uma multinacional, via um grande futuro, mas havia muitas barreiras. Nenhuma mulher ocupava a diretoria ou gerência. Esse fato me motivou ainda mais a buscar um desses postos. Após algumas tentativas, finalmente fui eleita diretora administrativa e financeira ao custo de trabalhar muito mais e nunca perder o foco para apresentar um trabalho de excelência. Todo o esforço me rendeu o troféu “O Equilibrista”, em 1995. Fui a primeira mulher a recebê-lo”, pontuou.
Essas situações descrevem um momento no qual a contabilidade era muito menos associada a nomes femininos. A contadora Jucéia Barbosa diz que passou pelo mesmo processo no início de sua carreira. “Meu pai fundou um escritório de contabilidade e comecei a trabalhar com ele bem jovem. Na época, todos os colegas que eu tinha eram homens. Não me lembro de ter nenhuma mulher proprietária de escritório contábil. Então, havia uma predominância masculina”, revelou.
No entanto, o cenário mudou. Hoje, é possível observar um notório progresso da participação feminina na área, representando cerca de 43% dos profissionais ativos do país, de acordo com dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). As histórias de pioneirismo se transformam em inspiração para as novas gerações, como, por exemplo, para os filhos de Jucéia que seguiram na contabilidade. Samira Barbosa é contadora e Samir Nehme, presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRCRJ).
Atualmente, dos 27 Conselhos Regionais de Contabilidade, dez são presididos por mulheres. Criada em 1990, a Comissão Nacional da Mulher Contabilista tem a finalidade de motivar, capacitar e encorajar mais mulheres a enfrentar desafios nas suas carreiras pessoais e em seus empreendimentos na área contábil, além de assumir cargos nas entidades representativas da classe contábil. Pasetto diz que, apesar dos desafios, o ambiente hoje é menos hostil e deixa um recado: “Enquanto mulheres, devemos nos preparar para sermos protagonistas de causas transformadoras e significativas na sociedade em que vivemos. Precisamos estar conectadas com os valores do feminino, fazer escolhas conscientes e contribuir para um mundo mais inclusivo. Nosso papel é ser exemplo para outras mulheres seguirem o mesmo caminho da sororidade”, finaliza.
No dia 8 de março, as presidentes dos CRCs e vice-presidentes do CFC participaram de uma live sobre a importância do poder feminino para o desenvolvimento sustentável do país. O encontro virtual foi transmitido pelo canal do CFC no YouTube. Para assistir, clique aqui.