No informativo CRCSP Online desta semana, o entrevistado é Idésio da Silva Coelho Júnior, atual presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), que foi eleito, em novembro deste ano, para ocupar a posição de membro do board da International Federation of Accountants (Ifac - Federação Internacional dos Contadores, traduzido).
O que significa ocupar essa posição? O que é Ifac? Quais as atribuições do Board? De que forma o país é beneficiado por contar com profissionais brasileiros na Ifac? Essas e outras perguntas, Idésio responde.
O que é, quais são os valores e por quem é formada a Ifac?
A Federação Internacional dos Contadores (Ifac), fundada em 1977, é a organização que representa a profissão contábil. Ela é constituída por aproximadamente 170 membros e associados das organizações contábeis de 130 países. No Brasil, o Conselho Federal de Contabilidade e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) são membros ativos da Ifac. Destaco que a visão do órgão é promover a profissão contábil em todo mundo, pois acreditamos que ela é essencial para fortalecer os mercados financeiros e economias. A missão da Ifac é servir o interesse público e promover o fortalecimento da nossa profissão por meio do: (I) suporte ao desenvolvimento de normas internacionais de alta qualidade nas áreas da Contabilidade aplicável ao Setor Público, auditoria, éticas e de educação; (II) promoção da adoção e implementação consistente dessas normas; (III) apoio à capacitação das organizações contábeis e de seus membros e (IV) defesa, com determinação, dos interesses da sociedade. Os valores da federação são integridade, alta capacitação de seus membros e executivos e transparência. A Ifac também incentiva que esses valores pautem as relações entre a administração pública e privada.
Quantos e quem são os membros do Board (Conselho de Administração) da Ifac?
Essa pergunta merece uma informação adicional antes de ser respondida. A responsabilidade primária da governança da Ifac cabe à assembleia dos seus membros que se reúnem uma vez por ano. O último encontro foi em novembro de 2016, em Brasília. Na ocasião, um representante de cada entidade (representando o Brasil, temos um integrante do CFC e um do Ibracon) participa da assembleia que elege os membros do Conselho de Administração, o chamado Board. O Board é composto por um presidente (cargo atribuído a Rachel Grimes, da Austrália) e até 22 membros, representantes de vários países que trabalham nas áreas de contabilidade (prestação de serviços aos clientes ou contadores funcionários das empresas) e auditores, representantes das firmas de todos os portes, de países não desenvolvidos, em desenvolvimento e desenvolvidos. A Ifac busca o equilíbrio de gênero, por isso um dos critérios para a escolha dos candidatos é a sua contribuição para a profissão, além das atividades de interesse público exercidas em seu país ou região.
Qual a função desses membros?
É dever dos membros atuar com integridade. O Board tem a responsabilidade de adotar todos os passos práticos para que a Federação cumpra a sua missão. O Board também direciona e supervisiona a gerência responsável por conduzir as operações da Ifac no seu dia a dia. Alguns membros são convidados para participar dos comitês que tratam de assuntos ligados à governança de auditoria e temas relativos ao orçamento e finanças da Ifac, que é uma entidade sem fins lucrativos, cujo escritório principal fica localizado em Nova York. Em meu caso, especificamente, vou contribuir com o Comitê de Governança.
Como é feita a indicação dos representantes de cada país e entidade?
A escolha se dá pela indicação das entidades membro da Ifac, a qual o profissional está filiado. Em meu caso, tive a indicação conjunta do CFC e do Ibracon. Em seguida, o profissional é entrevistado por um Comitê de Nomeações da Ifac, que se reúne com vários candidatos de diferentes países na busca pelo melhor candidato para a posição. O Comitê de Nomeações encaminha o candidato escolhido para aprovação do Board e, posteriormente, a assembleia dá a palavra final sobre a aprovação do candidato. Esse processo leva em torno de seis meses.
Qual a sensação ao assumir essa nova função?
Fiquei muito feliz com a indicação. A responsabilidade é grande, pois trabalhar para a classe contábil no interesse público é uma grande responsabilidade, mas gera uma grande alegria.
Você será o representante de uma área específica?
No processo de escolha eles buscavam candidatos da América Latina e do Caribe. Também buscavam candidatos de outros continentes. Nesse aspecto, represento a América Latina e Caribe e as várias organizações contábeis da região. Por outro lado, os membros do Board assinam uma declaração de responsabilidade em que concordam em não se sujeitar à influência indevida de países, firmas ou particulares. O compromisso é trabalhar no interesse público e no fortalecimento da nossa profissão, nos níveis local e global. Nesse aspecto a responsabilidade é pessoal e intransferível.
O que espera conquistar em termos de melhorias para a Contabilidade no Brasil?
Creio que a participação no Board da Ifac, a exemplo da participação brasileira anterior, é fortalecer a classe contábil, apoiando o desenvolvimento e a adoção de normas de contabilidade aplicáveis ao setor público, normas éticas, de educação e de auditoria. Buscamos levar aos fóruns devidos temas de nosso interesse para que possam fazer parte de uma agenda global. Também podemos contribuir para a implementação dessas normas e a capacitação de nossos profissionais, de forma que possam estar cada vez mais alinhados ao mercado global.
Quais são suas principais metas?
Minhas metas incluem o aumento da nossa participação no cenário local e internacional, influenciando com ética, determinação e qualidade as instituições brasileiras e internacionais para que a profissão se fortaleça e, com isso, as organizações públicas e privadas. Esse trabalho é grande, deve ser feito por muitos, mas também deve ser feito por cada um de nós.
Vem desafios por aí?
Um dos grandes desafios é o aprimoramento do trabalho da educação continuada para todos, a melhoria das nossas instituições públicas, colocando-as a serviço da sociedade, sempre com ética e eficiência. Creio que isso representa grandes desafios, mas, logicamente, uma grande jornada sempre começa com o primeiro passo. Que juntos possamos atingir essas metas e enfrentar cada um desses desafios em benefícios dessa e das futuras gerações.
Gostaria de deixar uma mensagem?
Sou muito grato à profissão, ao Ibracon, às demais organizações contábeis, à firma na qual trabalho e ao país onde moro. Quero, de alguma forma, devolver um pouco daquilo que recebi dessas partes. |