Educação financeira na infância para criar adultos mais conscientes

Por Gabriella Avila
Comunicação CBC

Em 12 de outubro, celebra-se no Brasil o Dia das Crianças - uma data que costuma ser recheada de presentes e brincadeiras. Esse contexto, no qual muitos adultos procuram brinquedos para os pequenos, também pode ser um momento propício para conversar sobre finanças com as crianças. Ensinar sobre o valor do dinheiro e a importância de planejar gastos e poupanças desde cedo é uma boa estratégia para que elas aprendam a gerenciar o próprio dinheiro no futuro, com mais sabedoria, e construam uma vida financeiramente saudável.

Trata-se da educação financeira infantil, um processo de ensinar conceitos básicos às crianças, o que inclui aprendizados sobre como o dinheiro é adquirido e gasto, e como pode ser poupado e investido. Há maneiras de trabalhar esses conteúdos de forma lúdica e atrativa para o pensamento infantil, como por exemplo: brincadeiras de mercadinho ou feirinha, jogos educativos digitais ou de tabuleiro que incentivam habilidades financeiras, ou o hábito de manter um cofrinho para guardar aquele dinheiro que os parentes ofertam de presente de vez em quando.

Ajudinha da literatura para falar sobre o tema

Histórias com personagens envolventes também podem ser aliadas nessa missão. No 21º Congresso Brasileiro de Contabilidade (CBC), realizado pelo  Conselho Federal de Contabilidade (CFC) neste ano, os participantes puderam conhecer, durante a Mostra Literária, um livro que aborda exatamente a importância da educação financeira infantil. A obra foi produzida com linguagem totalmente acessível para as crianças, com narrativa, desenhos e cores para  envolvê-las no tema.

O livro é “As aventuras de Tutu e sua turma”, da escritora e contadora Carla de Faria. Na obra, Tutu, um menino de nove anos vive, com os seus amigos Dudu, Bruna e Júlia, situações em que aprende sobre gerenciamento de dinheiro com responsabilidade, importância do consumo consciente e do planejamento financeiro. Tudo com linguagem simples e ilustrações coloridas.

Carla de Faria trabalhou por muitos anos com educação financeira para adultos, em palestras e aulas em curso superior, mas sentia que eles não levavam o assunto muito a sério. Em sua experiência, observou uma grande questão. “Percebi que o problema de muitas pessoas com dinheiro é uma questão cultural, não só de falta de conhecimento. É preciso mudar a mentalidade, e mudar a mentalidade adulta é muito difícil”, avaliou a autora. Esse pensamento acabou se desdobrando para o livro. “Diante desse dilema, imaginei que talvez o interessante fosse tentar construir uma mentalidade mais educada financeiramente nas crianças, e foi daí que surgiu o livro”, completou Carla.

A iniciativa foi um sucesso e pautou um grande projeto pedagógico, que chegou a escolas de diferentes regiões do Brasil, patrocinado por empresas que doam parte do imposto de renda. Nesse projeto, Carla vai a instituições de ensino nas cidades escolhidas pelas empresas e indicadas pelas secretarias municipais de Educação para distribuir o livro aos alunos e fazer uma palestra sobre o assunto. “As crianças adoram, acham o livro colorido, gostam das personagens e se identificam com eles. A ideia é que cada personagem tenha características para que as crianças se reconheçam neles”, conta.

Exemplo dos adultos

Perguntada sobre como trabalhar a educação financeira com as crianças, Carla foi categórica. “O exemplo é muito importante. O principal ato para ensinar os pequenos a lidar com finanças começa conosco. Nós, adultos, devemos gerir bem o nosso dinheiro”.

Para Carla, todos os atos em relação ao dinheiro importam no momento de falar de finanças. “Precisamos mostrar que cuidamos bem do nosso dinheiro, que temos responsabilidade com o pagamento das nossas dívidas, das nossas despesas mensais. Mostrar para eles que a gente trabalha e ganha o dinheiro, e que ele é limitado e precisamos guardar uma parte para conseguirmos realizar os nossos sonhos”, completa a autora.

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