Campeãs da Olimpíada de Contabilidade de 2024 conhecem o CFC

Por Lorena Molter
Comunicação CFC

Uma iniciativa que rendeu frutos além dos esperados. Duas jovens contadoras separadas por mais de 2 mil quilômetros de distância e com uma característica semelhante: o espírito de superação. A I edição da Olimpíada Brasileira de Contabilidade, realizada em 2024 pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), foi além dos seus objetivos iniciais e gerou também um grande impacto social. Maria Tereza Santos, nascida em Coração de Jesus/MG, e Vitória e Bueno, natural de Vilhena/RO, mostraram a força feminina, venceram a competição e levaram os nomes de suas cidades para o cenário nacional.

Como mais uma forma de reconhecer o bom trabalho das contadoras, as profissionais participaram de uma visita ao CFC na semana de Reuniões Regimentais, que aconteceu de 17 a 20 de fevereiro. As campeãs da primeira edição da Olimpíada participaram de um café da manhã de integração na Câmara de Política Institucional do CFC. Em seguida, as contadoras conheceram as atividades das Câmaras de Desenvolvimento Profissional, Fiscalização e de Registro. Houve, ainda, visita à Biblioteca. Maria Tereza e Vitória também tiveram um encontro com o presidente do CFC, Aécio Dantas, e participaram da Reunião Plenária da entidade, na qual foram homenageadas.

Impactos Sociais da Olimpíada

A finalidade inicial da Olimpíada era estimular o interesse e a paixão pelo mundo contábil. Para isso, havia duas categorias, estudantes e profissionais. No total, foram recebidas 358 inscrições, sendo 199 de profissionais e 159 de estudantes.

A competição alcançou todo o país e a organização recebeu materiais de todas as regiões do Brasil. A Olimpíada também foi um espaço para que os participantes pudessem realizar networking e ter acesso a ideias inovadoras no âmbito da Contabilidade. Contudo, um dos frutos que mais chamou a atenção do CFC foi o impacto social da iniciativa. “Eu nunca imaginei que a Olimpíada seria tão impactante na parte social mesmo. Na verdade, tanto no campo social, como também profissional dessas pessoas que participaram. Vimos muitas histórias de vida, de superação, de como os participantes fizeram as inscrições, de reconhecimento e de impactos em quem passou da primeira fase para a segunda”, explica a coordenadora do CFC Jovem, conselheira Luana Aguiar.

A formação de novos líderes e a força da classe contábil também chamaram a atenção de Luana Aguiar. A contadora conta que esses objetivos foram atingidos e ressalta a integração que a iniciativa proporcionou. “Eu sempre destaco que o impacto social foi muito maior. No CFC Jovem, sempre falamos que queremos formar líderes e vimos muitos líderes se formando na competição. Tanto porque, em um grupo de inscritos, estavam os estudantes, que precisariam ter o apoio das universidades, das faculdades, das IES, junto com os professores e tutores. Então, vimos muitos líderes se formando e ajudando uns aos outros. Por outro lado, profissionais também se juntaram para fazer os vídeos. Ou em dupla, ou realmente sozinhos. Percebemos ali a força que temos em fomentar a nossa profissão contábil”, compartilhou.

A vice-presidente de Política Institucional do CFC, Maria Dorgivânia Arraes Barbará, área responsável pela organização da iniciativa também ressaltou que os benefícios alcançados foram além dos previstos. “No momento em que concebemos a Olimpíada, acredito que não imaginávamos que teria uma repercussão tão positiva. Nosso objetivo sempre foi fortalecer a imagem da profissão entre os jovens e demais profissionais da contabilidade, contribuindo para ampliar sua visibilidade na sociedade. Mas o impacto superou nossas expectativas, pois percebemos a participação não apenas de jovens, mas também de profissionais mais experientes, vindos de todas as regiões do país. Um exemplo marcante foi o dos rapazes do Amazonas, que enfrentaram dois dias de viagem, entre barco e ônibus, para chegar a [Balneário] Camboriú, onde a competição foi finalizada”, relatou.

Histórias transformadas

Além de campeãs, Maria Tereza Santos e Vitória Bueno também são exemplos de transformação de vida a partir da competição.

Vitória nasceu, foi criada e fez a faculdade de Ciências Contábeis em Vilhena, um município de 108.528 habitantes, segundo dados de 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade fica a 800 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia, na Região Norte do país. A contadora recém-formada finalizou a faculdade no final de 2024 e, em seguida, mudou-se para Londrina/PR após ser aprovada para trabalhar na KPMG Brasil, uma das Big Four – grupo das quatro maiores empresas contábeis do mundo que realizam auditoria e consultoria.

Vitória foi campeã na categoria estudantes. A contadora explica que, desde a preparação para a Olimpíada, já começou a adquirir aprendizados. A princípio, destacou os conhecimentos que ganhou ao confeccionar o vídeo para a competição. “Primeiramente, só com o fato de produzir um vídeo, eu já aprendi um pouco, pois não tinha e não tenho o costume de me expor a uma câmera. Nunca tinha gravado um vídeo assim. Fui eu quem fez toda a edição do vídeo. Passava o texto, pois eu começava a falar e me embolava. Tive que usar técnicas para conseguir decorar, depois para gravar. Não gostava do jeito que eu estava falando, tinha que melhorar a minha fala, tive que aprender a editar os vídeos”, contou.

Em seguida, a campeã disse considerar que desenvolveu a comunicação. “Depois da conquista, da participação na segunda fase, no Congresso [21º Congresso Brasileiro de Contabilidade (CBC)], [o aprendizado] foi a comunicação com as pessoas. Você conhece muita gente, você conversa muito e precisa ter um jogo de cintura para conseguir conversar com as pessoas e eu percebi que melhorou muito a minha capacidade de comunicação mesmo”, afirmou.

Outro ponto mencionado por Vitória foi a abertura de sua visão de mundo. A contadora explica que, desde a inscrição até a visita ao CFC, passou por um grande processo que a mostrou novos horizontes. “Enxergar diferente as coisas, ver oportunidades muito maiores que antes eu não enxergava e hoje, conversando com o tanto de gente que eu conheci, vi que a Contabilidade não é um caminho único, existem muitas vertentes, um leque de oportunidades e eu consegui enxergar isso através de todo esse processo”, disse.

A campeã também compartilhou que a participação na Olimpíada da Contabilidade abriu muitas portas, em diferentes partes do país. De acordo com Vitória, os seus professores também ficaram muito orgulhosos da conquista. Outro ponto mencionado por ela foi a alegria de poder levar o nome de seu estado para o cenário nacional. “Ali na nossa região, nós não temos muitas oportunidades de ganhar uma visibilidade nacional. É muito difícil. Então, ter essa oportunidade, ver que, lá de Rondônia, hoje eu estou aqui em Brasília. Estivemos em Balneário Camboriú, lá em Santa Catarina, e lá tinha gente do Brasil inteiro enxergando Rondônia. Muitos disseram: ‘já ouvi falar de Rondônia, mas onde que é certinho? Como que é lá?’. Esse interesse pelo nosso estado, que é muito raro encontrarmos, é uma sensação muito boa também. Saber, que por meio dessa Olimpíada e do meu esforço, pude levar uma imagem positiva de Rondônia é uma sensação muito boa, muito prazerosa”.

Descobrir um potencial

Maria Tereza Santos, campeã da Olimpíada da Contabilidade na categoria profissionais, mora atualmente em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. A cidade fica a 31 horas de carro de Vilhena, cidade de Vitória. Contudo, há algo que as aproxima: as suas histórias.

Maria Tereza também nasceu no interior. A sua cidade fica no norte de Minas Gerais. Coração de Jesus possui 26.151, segundo dados do IBGE de 2024, e foi lá que floresceu a vontade da contadora em fazer o curso de Ciências Contábeis. De acordo com a profissional, ela estava na sexta série (atual quinto ano no Ensino Fundamental), viu uma bancária, admirou a sua postura e decidiu que seria contadora. No entanto, reforça que não imaginava que sairia de sua terra natal e alçaria voos para além de suas fronteiras.

A profissional da contabilidade cursou Ciências Contábeis em Montes Claros. Em seguida, mudou-se para Belo Horizonte/MG onde vive atualmente. Maria Tereza explica que, há cerca de dois anos, está bastante ativa nas atividades do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais (CRCMG). “Eu sempre participo de todo tipo de curso, de evento”, contou. E, foi a partir desse contato próximo que soube da competição e se inscreveu. No entanto, segundo a contadora, queria apenas participar e não imaginava que chegaria tão longe. “Achei o edital e a proposta muito bacanas e claro que eu não tinha tanta ambição de conseguir chegar à final, mas me inscrevi de imediato”, disse.

A campeã ainda conta que a experiência foi um “divisor de águas” em sua vida. O primeiro impacto positivo, segundo a contadora, foi a participação no 21º CBC, iniciativa que ela destaca que a deixou “encantada”. “Eu já imaginava que seria um evento muito grandioso, mas, não na dimensão que foi de fato”. E completa: “Foi a minha primeira participação em um evento tão grande, com tantos contadores do mundo inteiro. Eu lembro que eu cheguei igual a uma boba olhando aquele monte gente, um monte de contadores e fiquei encantada”, compartilhou.

Outras conquistas mexeram muito com a vida pessoal de Maria Tereza e se refletiram em sua vida profissional. A contadora relatou que ganhou muita visibilidade e, pouco tempo após o anúncio de sua vitória, foi contada por colegas de trabalho atuais e de outros locais pelos quais passou, professores que não via há quase dez anos e, até mesmo, pelo reitor da universidade na qual se formou. Maria Tereza também foi procurada pela imprensa de Montes Claros/MG e convidada para dar uma palestra na faculdade onde se formou em Ciências Contábeis.

No entanto, um dos ganhos mexeu muito com a vencedora: o fortalecimento de sua autoconfiança, o que a empoderou e a possibilitou realizar um sonho. “Eu sempre quis fazer mestrado em uma universidade pública, mas eu sempre achei que era algo além do que eu poderia conseguir chegar. E, então, logo que eu consegui chegar à final, eu comecei a pensar: ‘Espera aí, será que eu não consigo? Será que isso aqui não pode me ajudar?’ E acabou dando certo. Este ano, eu começo o mestrado na [Universidade] Federal de Minas Gerais. Eu estou superfeliz’”, contou.

Maria Tereza também se diz encorajada a buscar a conquista de novos objetivos e a concretização de outros sonhos. “É um ponto, realmente, muito incrível porque eu olho para trás e não imaginava. Lembro que eu decidi que faria Ciências Contábeis na sexta série porque eu vi uma bancária e falei: ‘eu quero ser essa moça’. Só que, naquele momento, era só aquilo. Eu não imaginava que eu sairia daquela cidade. Nunca imaginei que eu estaria em uma capital, muito menos aqui em Brasília. É a primeira vez aqui também. E foi o estudo e a Contabilidade”. E completa: “Então, além de eu olhar para trás e falar ‘poxa vida, eu andei bastante, eu evoluí bastante’. Ao mesmo tempo, que eu olho para trás e penso isso, eu olho para frente e falo: ‘olha, tem muito caminho para frente’. Eu chego e fico ouvindo essas pessoas contando histórias parecidas eu fico pensado que há mais caminhos para frente e que, se eu correr atrás, eu consigo chegar”, concluiu.

Encontro de histórias por gerações diferentes

A vice-presidente Maria Dorgivânia Arraes disse se identificar com a experiência vivida por Maria Tereza, Vitória e tantos outros participantes da Olimpíada de Contabilidade. A contadora nasceu em Araripina, município de 90.104 habitantes (IBGE – 2024), localizado no sertão de Pernambuco. A profissional disse que a primeira vez que viu o mar foi por meio de uma gincana que venceu em seu estado, que a levou a receber a premiação na capital, Recife. A líder também compartilhou que foi por meio do estudo e da Contabilidade que pôde mudar a história de vida de sua família.

Os impactos sociais da competição a fizeram lembrar a sua própria caminhada. “O que mais me emociona é porque [esse resultado] converge com a minha história e a de tantos outros que estão aqui porque eu já fui uma pessoa dessa. Eu, lá atrás, já participei de competições semelhante a essa e nem imaginava que chegaria à vice-presidência do CFC. Nunca imaginei que seria a presidente do meu estado, no CRCPE. Mas são oportunidades como essa, independentemente de onde você nasceu, de onde você vem, de que família você vem, que permitem o reconhecimento, vencer por meio da educação”. E observa: “Quem sabe um dia essas vencedoras ou os participantes não estarão sentados aqui nas cadeiras do CFC como presidente, como vice-presidente, como conselheiro, ou ser o que elas quiserem, feito a moça que iniciou o mestrado?”.

A reprodução deste material é permitida desde que a fonte seja citada.