O protagonismo do Brasil na convergência das normas

Idésio Coelho*

O Brasil tem crescente participação nos organismos decisórios da IFAC (International Federation of Accountants/Federação Internacional dos Contadores) e da Fundação IFRS (International Financial Reporting Standards Foundation), nas quais nossos profissionais atuam de maneira efetiva nos processos decisórios e elaboração de normas. Estamos trabalhando no desenvolvimento de regras que têm impacto em nosso país.

Tal protagonismo, ratificado e ampliado na Assembleia da IFAC em Brasília, em novembro de 2016, é coerente com o significado do Brasil no universo dessa federação, que tem 175 membros e associados, de 130 nações, congregando três milhões de profissionais da contabilidade e auditores independentes. Somos 530 mil, ou 18% desse contingente, registrados no Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Outro aspecto relevante da participação brasileira na elaboração de normas internacionais é que, no âmbito do mercado globalizado e no contexto da convergência que ocorre em todos os segmentos, é muito importante podermos discutir nossas experiências com representantes de outras nações e influenciar a produção de regras e princípios com os quais teremos de conviver. Além disso, a convergência é indispensável. O Brasil não poderia ficar à margem da padronização numa atividade tão crucial, pois isso seria um fator alienante para nossos profissionais. Não havia como continuar “falando” um “idioma contábil” diferente do mundo. Por isso, foi um grande ganho a nossa adesão às normas internacionais de contabilidade, de auditoria independente e de contabilidade no setor público.

Em todo esse processo de avanço deve-se destacar o papel do CFC, que tem atuado com empenho e eficácia para que o Brasil alinhe-se ao melhor padrão da contabilidade global. O Ibracon, membro fundador da IFAC, trabalha ao lado do CFC e do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) na convergência e em todos os temas voltados ao desenvolvimento da contabilidade e da auditoria independente. É imenso o valor agregado dessa múltipla integração. No Brasil, várias leis e regulamentos já exigem a adoção das normas internacionais de contabilidade e auditoria, que são consideradas de elevada qualidade e livres de interesses políticos e setoriais.

Jamais poderíamos nos resignar à posição de passividade! Num mundo globalizado, participar e influenciar os processos globais é imperativo.

 

*Idésio Coelho é o presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

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